Cidadania no metrô
Em busca de puxadores para sua cômoda antiga, Osmarina andou pelas ruas Frei Caneca, Lavradio, da Conceição, Buenos Aires e outras. Não encontrou o que procurava e teve de comprar doze de outro modelo para trocar todos.
Com os pés castigados pela exaustante caminhada desceu a escadaria do metrô. Precisava muito sentar-se um pouco. Naquela hora o vagão onde entrou estava lotado. Dois jovens sentados nos bancos preferenciais fingiam dormir.
Uma senhora que estava ao lado dos dois, percebendo o desconforto de Osmarina, não teve dúvida. Pegou um deles pelo braço e o sacudiu, falou com voz firme: - Deixa de fingimento e trate de levantar-se. Você não está vendo uma idosa bem à sua frente e você sentado no lugar dela?
O jovem fuzilou-a com um olhar de ódio e saiu andando para o outro lado do carro. Osmarina sentou-se e descalçou os sapatos para aliviar os pés e confidenciou com sua benfeitora: - A senhora é muito corajosa, eu não conseguiria fazer isso, mesmo sabendo dos meus direitos.
Infelizmente, isto acontece por falta de educação doméstica. Esses jovens não recebem dos pais essas orientações e muitas vezes, agem por imitação de um parente, amigo ou conhecido que acham vantajoso burlar as leis, desrespeitando os direitos dos cidadãos idosos ou não.
Rio de Janeiro, 01 de março de 2012.
Benedita Azevedo