DIA ESCURO, NOITE CLARA

Há momentos em que nossos olhos nada avistam além de um infértil e vasto campo queimado, o sol se põe entregando seu reinado de gloria para a senhora lua, e a escuridão desta noite perdura por longos e intermináveis anos.  Tudo se torna frio e solitário, o sono dos que dormem, faz o mundo se calar...
Eu vivi essa escuridão, acordado, senti na pele todo sortilégio de medos e tristezas que uma noite triste e vazia pode promover para um coração mutilado pela maldade inclemente dos homens.
Desejei dormir, quem sabe compartilhar dos sonhos de todos que aproveitavam a longa noite para descansar seus corpos, mas, o sono me fugia...
E no escuro eu vivi durante quentes e claros dias, onde todos sorriam alegres, e eu tornando-me mestre na rica arte de fingir.
Assim foi... Até que compreendi...
O sol era uma estrela, que de tão perto, podia aquecer e mudar a cor de minha pele...
A noite escura de meus medos foi ricamente iluminada por miríades de estrelas. A lua tornou-se o espelho que refulgia o sol, iluminando-me com seus prateados raios... Apaixonei-me então pela noite e seus encantos... Não sentia mais medo... E para a lua e as estrelas contei meus mais íntimos segredos. O silencio tornou-se companheiro que animava os pensamentos e possibilitava vôos mais altos do meu espírito guerreiro.
Certa noite; ousei perguntar ao Grande Arquiteto.  

-Porque demorei a encontrar-te na noite escura de meus medos?
Oh senhor Deus, não sabes como me faltas-te, e como chorei por intermináveis e longos momentos!

A resposta veio no uivo do vento...

- Estive contigo nas sombras e provei de tuas revoltas, observei teus vagos olhos, que não se satisfaziam com a luz do sol que a tudo iluminava... Não ouvias minha voz, pois, vivias na interminável noite abalroada de medos e angustias.
Com paciência aguardei que visse meus olhos nas distantes estrelas que brilhavam para ti, sentei-me ao teu lado e enquanto de medo e tristeza molhavas teu rosto, eu recolhia tuas lagrimas e fazia delas rico tesouro.
Não existe ser algum que consiga temer e chorar por muito tempo, e por saber disto, esperei... Até que teus olhos me contemplaram na escuridão, e no silencio pude então falar contigo...
A noite escura dos homens perdura por viverem seus claros dias minguados da fé que sustenta... Entretanto, a fé é um cântaro de água, e sem água homem algum vive... Essa água verte abundante de minhas mãos, fiquei ao teu lado, para que pudesse beber de mim assim que a cede lhe castigasse.
Hoje preferes as estrelas e o belo disco de prata, preferes o silencio, e a brisa fresca da madrugada...
Agora eu, Jeová, Quem lhe Pergunto... Por que meu filho?

Contrito em oração, respondi ao meu grande Amigo...


-Senhor, Tanta luz por vezes cega os olhos e ofusca a magnitude de tua perfeita criação...
Beleza há em um céu onde brilha um único sol... Entretanto me encanto com o céu da noite, onde o senhor Deus mostra-se Arquiteto de muitos sóis, ao mesmo tempo em que contemplo a lua refletindo o brilhar da grande estrela que proporciona vida. Durante a noite recebo de forma carinhosa e amistosa a luz, que de dia clareia queimando e cegando!



Noah Aaron Thoreserc
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 01/03/2012
Reeditado em 01/03/2012
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