BATATEIROS
BATATEIROS
Batateiro: nome dado pelos andreenses, para os habitantes de São Bernardo do Campo.
Ceboleiro: idem dos batateiros em relação aos andreenses.
Depois de algumas idas e vindas, com uma e outra sendo a sede do município, Santo André tornou-se o centro, e São Bernardo ficou sendo a Vila. Tudo porque a linha de ferro causou o desenvolvimento do local. Posteriormente, na metade do século passado, houve a separação em dois municípios.
Dizem que filho de peixe, peixinho é! E de batateiro? Um pouco também! Explico. Meu pai nasceu em São Bernardo do Campo. Lá no pitoresco Riacho Grande, berço da família Lima. Depois veio para Santo André, onde alguns irmãos e outros parentes aqui já residiam.
Dos filhos do Tonico, meu pai, coube-me ser o mais batateiro, porque por volta de 1960 comecei a frequentar São Bernardo. De início, na loja de calçado que o meu irmão Sebastião tocava. Logo depois, com minha admissão na Prefeitura.
Assim, nesse tempo granjeei muitas amizades na antiga Vila. Importante porque, dada a rivalidade existente entre os habitantes de Santo André, e os de lá, havia muita animosidade entre ambos, em todas as áreas, esportiva, social. As brigas eram freqüentes. Principalmente em disputadas de futebol, basquete. Em festas, bailes e outras comemorações, a presença de membros das duas cidades, seja numa como na outra, sempre acabava em confusão.
Tornei-me, então, uma espécie de embaixador de ambas. Estando em São Bernardo, os amigos de Santo André recebiam um salvo-conduto, e passavam ilesos. E vice-versa.
Fiz grandes amizades. Primeiro, com a turma do Café Expresso, na esquina da Marechal Deodoro com Dr. Flaquer, ponto semelhante ao nosso Bar Quitandinha, onde se reuniam a rapaziada e os “bem de vida” da Vila. Ali conheci o Wilson Ascênsio, o Suzuki, irmão do Beltran, o fotógrafo da cidade, o Serginho Marques, o Leça, o Laerte Pelosini, o Agostinho Pelosini, o Mão de Onça, os irmãos Danilo e Armando Cavinatto, este que, mais tarde, veio a ser meu colega da faculdade. E as meninas mais visadas da cidade, que estudavam no Colégio São José, das Irmãs. A Ana Maria Romano, sua prima Mercedes, a Adelina, e outras colegas, paravam na loja para flertar com os rapazes, do outro lado da rua.
Com o emprego na Prefeitura, a partir de agosto de 1961, meu rol de amizade se ampliou muito. E, consequentemente, meus programas em São Bernardo aumentaram. Entretanto, jamais pensei em residir, mesmo depois de casado, nessa cidade. Questão de raízes fincadas em Santo André.
Até meu casamento, que aconteceu em janeiro de 1965, almoçava junto com o Sebastião, na Pensão do Zé, que ficava na Rua João Pessoa, quase esquina com a Américo Brasiliense. Excelente comida. Bem caseira. Nos fins de semana fazia ótimas pizzas, à noite. Só o dono, o Zé, era meio “destramelado”, com uns acessos de loucura que davam medo. Eram nossos companheiros o Isaac e o Jayme, proprietários da Alfaiataria Central, e outro judeu, o Boris, também comerciante de roupas masculinas.
São Bernardo do Campo, berço da Família Lima, não deixa de ter, em meu coração, um cantinho especial.
Guardo indeléveis recordações dos tempos em que lá passei grande parte de minha vida.