A Farda, o Formol e a falta de semancol

A Farda, o Formol e a falta de semancol

Jorge Linhaça

Certas pessoas conservam seus cérebros no formol dos "anos de chumbo".

Guardam suas fardas cheirando a naftalina , na esperança de que seus discursos carregados de ira, resultem um novo Golpe Militar e lhes permitam envergar as vestes manchadas pelo sangue e a indignação de gerações.

Aguardam ansiosos para poder desfilar pelas ruas, cheios de autoridade, servindo de conselheiros aos novos golpistas em sua eterna luta contra um pseudo-inimigo vermelho.

São os saudosistas dos dias inglórios em que a farda lhes dava a ilusória glória de serem guardiões de uma pátria que ajudaram a desconstruir por décadas.

São aqueles hipócritas que idolatram Tiradentes mas que o esquartejariam sem dó nem piedade se tramasse a Inconfidência nos anos de chumbo. Foi isso que fizeram com os sonhos e corpos de tantos desparecidos.

Fazem parte do seleto grupo de "deuses" onipotentes, portadores de uma megalomania digna e típica dos psicopatas, desejando ter em suas mãos poder sobre a vida e a morte de seus semelhantes em qualquer porão escuro de regime sanguinário.

São aqueles que massacrariam Zumbi, os Malês, os Balaios,os Sabinos, os Farroupilhas,os lavradores de Canudos e qualquer outro que se opusesse ao seu regime.

São os mesmos que pregam um falso patriotismo mas continuam presos ao porão de sua insanidade, torcendo para que a democracia no Brasil não dê certo pois, em isto ocorrendo, como haverão de aplacar suas consciências e mentes doentias e subservientes que, tal e qual os soldados nazistas, no afã de agradar seus comandantes torturavam e matavam em nome de uma supremacia ideológica e racista?

Conservam a mesma mente tacanha e condicionada de quem só sabe obedecer ordens sem conseguir pensar por si próprios, são os que se regozijariam em denunciar seus vizinhos e parentes se preciso fosse, para ganhar um estrelinha dourada em sua lição de casa.

Pobres néscios que se julgam intelectuais, donos da verdade e da razão, cujos olhos e ouvidos permanecem selados pelas cataratas e pela cera de sua própria mediocridade.

Como a rainha de copas, do conto de Alice, sua frase preferida é...cortem-lhe a cabeça...

Passarão o resto de seus negros dias como massa de manobra de um bando de derrotados , servindo como bonecos de ventríloquo repetindo sempre o mesmo discurso permeado de ódio.

Pobres almas perdidas, condenadas a um purgatório sem fim que eles mesmos construíram à sua volta, vendo fantasmas em cada esquina, como espectros de suas antigas vítimas a clamar por vingança.

São aqueles que trazem traves nos olhos e reclama dos argueiros nas vistas dos demais...são os que engolem camelos e coam mosquitos.

Patriotas? Uma ova que o são!

Deveriam seguir o slogan de seus amados generais ditadores mil vezes repetido diariamente em cada esquina:

Brasil, ame-o ou deixe-o!

Que façam pois uma boa viagem só de ida, pois por certo ninguém há de sentir sua falta.

Salvador, 27 de fevereiro de 2012