“Quando você voltou”.


Não éramos na verdade namorados.
Era apenas o que chamamos de "ficar".
Mas como era gostoso após sair da escola

Ficarmos na praça escondidos de tudo e de todos.
Quando conseguia de você um beijo, era o maior premio, embora que fosse roubado, mas você correspondia. Então não era roubado, pois você compactuava com o crime.
Por pensar demais em você não conseguia estudar.
Tirava notas baixas, você percebia que algo ia mal. 
Recompensava-me com carinhos, até tirar de mim toda verdade. 

Começamos a estudar juntos e as notas melhoraram.

De repente um flagrante, seu pai nos viu juntos. Pior, nos beijando. 
Acabou tudo. Você foi mandada para o Rio de Janeiro  e eu fiquei viúvo, sem meu amor, pelo menos, assim pensava.

Fui fiel a você, não quis mais ninguém.
Dediquei-me aos estudos, pois ninguém me interessava.
Tive várias ofertas, mas só amizade, nada de ficar.

No final do ano você voltou, diferente, mais bela.
Tentei conversar, fui repelido, foi algo de criança.
Lá no Rio você encontrou alguém que completou seu coração.

Foi a minha vez de ir embora, fui para a capital.
Formei-me e continuei estudando, vestibular, faculdade.
Consegui bom emprego, quase me esqueci do interior.

Em um passeio a terra natal eu a vi
Estava bem acompanhada por belo rapaz.
Como eu não a reconhecia, seus sentimentos eram outros.

Arrumei uma namorada, pessoa simples e simpática onde realmente vi o que era o verdadeiro amor.
Namoramos firme e nos casamos breve.

Consegui emprego na cidade e mudei por causa de sua família
Adquiri o respeito de todos cunhados, sogro e sogra.

Passeando pela cidade ela veio conversar comigo. 
Após as apresentações, chateada com uma desculpa qualquer, foi embora. Como já havia dito a minha esposa, repeti a historia de meu pequeno caso de amor.
"Foi bom te apresentar, pois realmente nada mais existe percebi isto quando comparei as duas."

Passado algum tempo recebi uma carta sua.
Na carta explicava que teve de no Rio arrumar um colega e apresentar à família como namorado. Não seria necessário nenhuma explicação. Pois eu já tinha feito minha escolha. Desejando muitas felicidades ao casal se despedia.

Às vezes me lembro de meu primeiro namoro
Nunca me arrependo de meu casamento
Mas se não tivesse, havia tantas coisas...
Como seria minha vida?
Mistério...

Oripê Machado.
Oripê Machado
Enviado por Oripê Machado em 27/02/2012
Reeditado em 29/02/2012
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