FOGO ASSASSINO EM BRASÍLIA
FOGO ASSASSINO EM BRASÍLIA
Jorge Linhaça
A história se repete, qual uma franquia de filme de terror de baixa qualidade.
Novamente Brasília, onde o pataxó Galdino foi imolado aos deuses da impunidade, se transforma em mais um cenário de fogueiras humanas.
Novamente jovens desocupados, provavelmente de classe média ( são sempre esses, sabe-se lá o porquê) resolvem que precisam dar sentido às suas vidas medíocres ateando fogo aos menos favorecidos que fazem da rua a sua moradia.
Paradoxalmente, essas pessoas , invisíveis aos olhos turvos da população, como meros vultos jogados no espaço público, por alguns instantes são privados do mágico e trágico manto da invisibilidade e passam a ser motivo de diversão para piromaníacos de plantão.
Seus corpos debatem-se, tomados pelo fogo, tentando lutar contra a morte iminente. Um deles já faleceu o outro permanece em estado grave no hospital.
"Um dos moradores de rua queimado na noite desse sábado morreu às 14h deste domingo (26/2). Ele e o colega agredido por um grupo de jovens foram levados ao Hospital Regional da Asa Norte. O outro mendigo continua internado em estado gravíssimo.
Os homens tinha 26 anos e 43 anos. O mendigo que veio a falecer teve 63% do corpo queimado. Já o outro foi atingido em 22% do corpo.
O crime aconteceu durante a madrugada deste domingo em Santa Maria, na QR 118, no conjunto H, em via pública, próximo a uma padaria da região. De acordo com o Corpo de Bombeiros, os moradores de rua tiveram queimaduras de 3º grau.
Não há informações se houve discussão entre os envolvidos. A polícia ainda não identificou os autores"
Correio Brasiliense
É de se imaginar as risadas e alegria macabra dos jovens agressores, como se fossem o próprio demo a supliciar as almas no caldeirão do inferno.
Se a história se repetir como a do Pataxó, logo estarão soltos nas ruas depois de um mero puxão de orelhas por parte das autoridades que alegarão serem eles réus primários e que seu hipotálamo ainda não totalmente desenvolvido foi incapaz de discernir a tragédia inflingida contra seu próximo.
Não vai ser de se estranhar que sejam filhos ou apadrinhados das autoridades políticas, policiais ou judiciárias.
O desfecho do caso Galdino foi ultrajante para a sociedade e uma vergonha para o poder judiciário :
"Na madrugada de 20 de abril de 1997, cinco jovens de classe média-alta de Brasília (um menor de idade, G.N.A.J. e quatro maiores de idade: Tomás Oliveira de Almeida, Max Rogério Alves, Eron Chaves Oliveira e Antônio Novely Cardoso Vilanova) atearam fogo em Galdino enquanto este dormia. Galdino morreu horas depois em consequência das queimaduras. O crime causou protestos em todo o país
Em sua defesa, no julgamento realizado em 2001, os acusados disseram que o objetivo era "dar um susto" em Galdino e fazer uma "brincadeira"” para que ele se levantasse e corresse atrás deles. Alegaram, ainda, que chegaram a jogar fora na grama parte do álcool adquirido num posto de gasolina, por não ser necessária toda a quantidade comprada para dar o alegado "susto". Um dos rapazes disse à imprensa que ele e seus amigos haviam achado que Galdino era um mendigo e que, por isso, haviam decidido perpetrar o ato.
"Pertencentes a famílias de grande poder aquisitivo e influência, desde a prisão os criminosos contaram com regalias a que nenhum outro preso comum tinha direito. Apesar das críticas efetuadas pela promotora Maria José Miranda, que acompanhou o processo nos primeiros cinco anos, os quatro criminosos detidos tinham direito a tomar banho quente e manter cortinas em suas celas, além de ficarem de posse da chave da própria cela. Por motivos desconhecidos, a promotora pediu afastamento do caso pouco tempo antes do julgamento.
G.N.A.J. foi encaminhado para o centro de reabilitação juvenil do Distrito Federal, onde ficou preso apenas por três meses, apesar de ter sido condenado a um ano de reclusão. Os outros quatro foram condenados, em 2001, a catorze anos de prisão em regime integralmente fechado por homicídio doloso. Pela gravidade do crime não teriam direito a determinados benefícios, mas, já no ano seguinte, receberam autorização para exercer funções administrativas em órgãos públicos. Três dos cinco rapazes chegaram a ser flagrados pela imprensa local se dirigindo em carro próprio até o presídio sem passar por qualquer tipo de revista, após namorar e ingerir bebida alcoólica em um bar.
Em agosto de 2004, foi concedido o livramento condicional aos quatro condenados. Esse benefício foi recepcionado pela opinião pública como um atestado do "caráter volúvel do Poder Judiciário frente à força político-econômica" e revoltou os familiares do índio assassinado. A mídia também noticiou a concessão do benefício, apesar de previsto em lei, como "certeza da impunidade" para um crime considerado hediondo pela legislação brasileira." (Wikipédia)
Perfil dos assassinos:
Antônio Novely Cardoso de Vilanova - Tinha 19 anos na época do crime. Filho de um juiz federal, Vilanova trabalhava como digitador e morava com seu irmão mais velho. Admitiu ter atirado os fósforos em Galdino.
Eron Chaves de Oliveira - Tinha 19 anos. Primo dos irmãos Tomás e G.N.A.J., admitiu ter despejado álcool sobre o índio.
Max Rogério Alves - Tinha 19 anos. Criado por um ex-ministro do TSE, Alves trabalhava no escritório de advocacia do padrasto. Admitiu ter dirigido o carro na fuga.
Tomás Oliveira de Almeida - Tinha 18 anos. Único do grupo a cursar uma faculdade, estudava Administração. Também admitiu ter atirado os fósforos.
G.N.A.J. - Tinha 16 anos. Cursava supletivo. Ajudou a despejar o álcool. ( G1-globo.com) "
Não é pois de se estranhar as regalias dadas aos facínoras.
Enfim, como Brasília desde sempre foi a capital da pizza, não pela qualidade das mesmas, mas pela quantidade de casos que acabam no consumo das mesmas pelas autoridades de plantão
tudo pode esperar-se, até porque desta vez os facínoras fugiram de bicicleta, portanto ninguém anotou a chapa.
Salvador, 27 de fevereiro 2012