Folhas em Branco
Vocês não sabem quantas coisas escrevi estes dias, e quantas folhas de papel amassadas foram parar na lixeira. Tem horas em que sinto uma vontade incontrolável de escrever qualquer coisa que seja, obedeço a esse meu impulso, mas depois acabo pressionando fortemente (e por repetidas vezes) a tecla “Del” do meu computador, que, aliás, me inspira pouco. Pensei em falar um pouco dos últimos dias, de como as coisas aconteceram e da maneira que permiti que elas atingissem minha vida.
Abro mais uma vez meu diário – que voltei a construir com todo ânimo depois de um ano esquecido – procuro coisas legais para dar vida às páginas brancas... Até que descubro que minha vida é mesmo isso... São folhas em branco, e a gente é quem determina o que vai imprimir nelas, a cada dia a vida nos fornece uma nova chance de viver coisas diferentes, ela nos dá uma página limpa para que a utilizemos da forma que achar melhor... Depende de nós chegarmos ao fim do dia com esta página cheia de letras, desenhos, cores, figuras, rasgões ou ver passar nossas horas e constatar que nossa folha continua limpa.
Na maioria das vezes, não somos nós que decidimos o que vai nos acontecer, mas o grande erro está em não decidirmos em até que ponto certas coisas podem nos atingir. Lembro-me do livro “A Lição Final” – belíssimo relato do jovem Randy Pausch, que no ápice de sua carreira, é interceptado por um câncer, e lhe restando poucos meses de vida pela frente, ele decide aproveitá-los de forma intensa. Randy diz que a gente não pode escolher as cartas de um jogo, mas tem total poder para decidir como usá-las. A vida nos fornece seus dados, e insistimos em colocar a culpa neles pelos nossos fracassos, e esquecemos que somos nós que estamos no comando.
Então, eu escrevo, desenho, pinto, rabisco minha vida, como for.. Mesmo que em seguida eu perceba que muita coisa tem que ser amassada posta no lixo, mas eu prefiro sujar minhas mãos com a tinta borrada do que sofrer a frustração de olhar pra trás e ver quantas folhas em branco deixei passar. Continuo a buscar boas e novas experiências, e maneiras mais confortáveis para enfrentar aquelas não tão boas assim, mas que infelizmente não são escolhas minhas. E assim segue a vida, quero escrever os meus dias com letras coloridas!