Crônica de uma noite

Acordei em um lugar estranho e para ser mais especifico no meio de uma floresta, estava escuro, só podia ouvir barulhos de animais noturnos e eu me perguntava como fui parar ali. Me senti completamente perdido, então comecei a caminhar para qualquer lugar – talvez eu encontre uma saída ainda que eu não tenha a mínima ideia de onde eu esteja.

Comecei a ver uma luz que estava bem distante, mas só de ter visto aquela luz já me senti esperançoso. Fui em direção a luz e comecei a ouvir uma música que era totalmente diferente de tudo que já ouvi antes. Era lindo e mágico, a cada passo que eu dava era como se aquele som me chamasse e me hipnotizasse, mesmo que eu quisesse sair dali eu não poderia – era uma força maior do que eu. Não conseguia nem pensar direito, e como eu estava chegando perto eu pude ver que as luzes dançavam e essas “luzes” começaram a tomar forma, elas eram mulheres.

Eram seis mulheres em algo que parecia com um ritual e eram lindas demais, era como se elas não existissem – digo isso por tamanha beleza. Fiquei atrás de uma árvore observando-as sem me mover e boquiaberto. Elas flutuavam (literalmente) e seus pés – que não usavam sapatos – não tocavam o chão, e me questionei se o vestido longo e branco delas era o que fazia aquela luz brilhar tão forte. Elas usavam uma espécie de arco na cabeça, e os cabelos eram grandes cada uma com cor e forma diferenciada e, mesmo assim, elas pareciam ainda mais lindas. Dei um passo devagar para que eu pudesse ver melhor aquilo que nunca vi e talvez nunca veria novamente. E se eu contasse a qualquer pessoa, ninguém acreditaria. Até eu, que estava presenciando toda aquela magia, não estava acreditando que era real.

Enquanto eu me aproximava sem ser visto e tentando não fazer barulho, falhei, e mesmo com a cantoria elas puderam me ouvir e fez-se um silêncio, nervoso, olhei para elas e senti medo e felicidade – não sei o porquê desse sentimento – ao mesmo tempo. Elas vieram em minha direção e falavam uma língua que não dava para entender nada. Foi então que o medo tomou conta e a felicidade sumiu, elas me cercaram e começaram a sorrir, voltaram a cantar a mesma música de antes. E começaram a dançar em volta de mim e me olhavam de uma forma que eu não pude explicar. E ali, bem perto delas, pude olhar nos olhos e elas pareciam mais lindas e irreais. Uma delas parou de frente pra mim e cantava alguma coisa na língua que eu não podia compreender e então as outras começaram a fazer apenas uns sons com a boca, dando ritmo e harmonia. Ela pego em uma de minhas mãos e eu não sei dizer o que senti naquele momento, mas era bom sentir o toque dela. Enquanto uma mão segurava a minha, ela pegou a outra e levou ao meu rosto e só pude olhar fixamente em seus olhos que agora mudavam de cor, estavam ficando claros e eu fui sentindo uma fraqueza como se ela estivesse roubando as minhas forças, tudo começou a ficar escuro, senti uma dor, uma coisa que queimava por dentro, tentei gritar mas cada vez ia ficando mais escuro e a música ia diminuindo...

- Ahhhh! – Consegui gritar, pensei.

Senti que minhas forças haviam voltado – não completamente – , levantei e vi que eu estava na minha cama e todo suado. E pensei, aquilo tudo foi tão real. Levantei tomei um banho, peguei papel e caneta e escrevi tudo que havia visto naquela noite imaginária para que ficasse registrado e tentei ser fiel a cada detalhe.

Pamela Nantes
Enviado por Pamela Nantes em 26/02/2012
Código do texto: T3521954