DO TOPO DO MUNDO EU ME JOGUEI
Dirigi até o topo do mundo, no caminho divagava sobre minha vida, quase dei meia volta várias vezes. Hoje, 26 de fevereiro, completo quarenta e três anos de existência, então decidi pular do precipício. Dirigia com coragem e às vezes me acovardava, pensava não ter audácia de pular, mas segui em frente.
O topo do mundo é um lugar fantástico, fica a meia hora de Itabirito, situado no alto da Cordilheira da Serra da Moeda, a uma altitude de 1500m.
Fui recebida com carinho e simpatia pelo meu instrutor de parapente, enquanto colocava toda a parafernália sentia meu coração disparar.
Assim que pulamos, nos jogamos literalmente, minha primeira sensação, claro, foi a falta de ar, para recuperar o fôlego me concentrei em poesia.
O verde da mata
Que arrebata
Todo orvalhado e refletindo,
A luz dourada que vinha surgindo...
Agigantando-se!
Apoderando-se
De todo meu interior,
Com seu esplendor
Místico,
Crístico!
Uma cena que me fez repensar a solidão
E seu conceito de ilusão!
Impossível não se sentir preenchido,
Com esta caprichada formatação do bonito!
Claudio Poeta
Estes versos são do poema Campo de Pouso, do livro que fica na cabeceira da minha cama e amo ler, Ardentia, do poeta maravilhoso, Claudio, que por zelo, o destino o tornou meu precioso amigo.
Recuperado o ar, pensei no enorme amor que trago comigo, que me estimula seguir em frente, que é a luz que me guia, que dá beleza a cada dia, que me faz viver em plenitude. Voava alto, o vento me provocava, insistia me meter medo, mas o prazer de voar gritava em meu peito. Ouvia uma voz dizendo: voe Lília, não tenha medo!
Com meus pés em terra firme, a sensação é de nascer novamente, agradeci imensamente meus quarenta e três anos e me entrego com total energia e amor a vida para os próximos quarenta e três!!!