Férias? Nem tanto o céu... nem tanto o inferno!
20 de Novembro! As notas já estavam publicadas. Excelentes, por sinal, tanto as minhas, como as da minha irmã. Vovô Adão chegava de São Paulo descia na rodoviária e caminhava para a nossa escola. Fazer o quê? Ele, se dirigia direto para a diretoria.
“Dona Salete, bom dia. Como está? Gostaria de saber como estão as notas das meninas, pois, estou aqui, para levá-las comigo para São Paulo de férias!?
“Tudo está muito bem, e elas, passaram de ano, somaram as melhores notas da classe, portanto, já as autorizo para sair de férias. Ah! Um dos responsáveis por elas deve aparecer por aqui, com os documentos pedidos para a matrícula.”
Nossos olhos brilhavam de alegria. Liberadas para as férias na casa dos nossos queridos avôs na capital de São Paulo, onde os passeios e as brincadeiras movimentavam a nossa vida.
Vovò Adão, muito alegre gostava de brincar com os nomes das pessoas, sempre! Olhando em nossa direção mostrando um largo sorriso, daqueles que a gente somente observa no rosto do avô, saiu com esta:
"Esta Dona Charrete é muito bacana!" E mostrando o dedo polegar para cima, na gíria da moda, a la jovem guarda:
"Dona Charrete é "barra limpa"!"
Bem! Malas prontas as recomendações de práxis mamãe vinha com aquele pedido.
"Papai, por favor, as meninas precisam tomar o suplemento de vitaminas, cálcio e nutrientes essenciais para a saúde das suas netas.”
Vovô acentuava um sim, com a cabeça!
Eu olhava para a minha irmã e fazia uma careta. As férias a partir deste instante tornariam um horror.
São Paulo, nos revelava novidades em cada esquina. Avenidas e ruas sendo construídas, prédios em construção, um verdadeiro canteiro de obras manipulando os nossos olhos. São Paulo tão volúvel em suas paixões, prédios históricos indo para o chão para apascentar a modernidade!
Os passos da vovó Irene pela grama do jardim nos alertavam!
“Meninas abram a boca e tampem o nariz.”
E, lá ia goela adentro uma colher de óleo de fígado de bacalhau. Caretas! Vovó nos presenteava com uma laranja lima para mascarar o sabor.
O tempo senhor da história e da memória trouxe aos meus olhos na noite de ontem, no momento em que comprava um suplemento de cálcio, aquela imagem tão conhecida… No rótulo um homem de terno e chapéu carrega nas costas um enorme peixe: Emulsão Scott (óleo de fígado de bacalhau).
Uma dúvida me acompanhou no caminho de volta para casa. Cheguei para a minha mãe e perguntei:
“Mãe, qual o motivo da senhora dar para a gente nas férias, óleo de fígado de bacalhau?!
Aprendi com a minha mãe, que ele faz muito bem!”
Não consegui assimilar a resposta. Queria comprovação e fui perguntar para o farmacêutico. A partir do que ele falou vou voltar a tomar Emulsão Scott, ou melhor, óleo de fígado de bacalhau.
“O óleo de fígado de bacalhau é uma fonte grande de nutrientes essenciais, mas, difíceis de serem conseguidos na dieta dos nossos dias. Contém, ácidos graxos ômega-3, que é rico em vitaminas A e D pré-formadas, com pequenas quantidades de vitamina K, vital para a saúde do sangue e dos ossos.
“Hum! Deste modo fiquei com vontade de tomar uma boa colherada de oleo de figado de bacalhau. Pena, que ela não pode mais vir das mãos de minha saudosa avó Irene Giubbina! Férias inesquecíveis, não é mesmo?!”