POR QUE MORREM OS ESCRITORES?

POR QUE MORREM OS ESCRITORES?

Ainda estava sob o impacto de ver os meus devaneios em forma de poema, ocupando as páginas de um livro impresso, ressalte-se. Não era um e-book, era um livro com cheiro e gosto de papel. Agora sim, vestia-me das mais inúteis vaidades que assolam os habitantes do planeta terra e me sentia uma escritora, algo de concreto,no mundo que se enxerga com os olhos.

Foi dentro desse contexto, ainda degustando na alma inteira, porque poeta degusta na alma, o melzinho do lançamento do livro, com direito a um belíssimo aparato musical, coquetel e outras coisitas de praxe, que algo extremamente importante me aconteceu.

Recebi uma ligação telefônica, de uma pessoa muito querida, e de personalidade objetiva, dinâmica e empreendedora. E assim me disse essa pessoa:”Conceição você escreve tão bem, que deveria escrever um livro só de crônicas, é muito mais rentável, poesia não vende”...

Posso descrever-me naquele momento como um vulcão em erupção, enxergando com a alma hiperbólica em fogaréu, numa fração de segundos uma verdadeira chacina: a morte de todos os meus devaneios, de todas as minhas bem vindas inquietações, o abrir mão dos meus escritos sem tempo e sem razão...

Passado o impacto inicial, pisei no chão e vi que aquilo jamais aconteceria comigo, e assim, a minha alegria que dormia pela metade, acordou por inteiro e me senti uma escritora na alma, além das fronteiras da pompa de um livro impresso, e ao mesmo tempo descobri a “causa mortis” de muitos dos nossos bons escritores... Esta é a minha segunda crônica...

Conceição Castro
Enviado por Conceição Castro em 23/02/2012
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