Cuidar dos sonhos é cuidar da vida
Depois do carnaval, as cinzas... a ressaca, o descanso e o recomeço. É hora de olhar novamente para a vida real e repensar no Ano que recém inicia-se. A propósito, Ricardo Amorim, na Isto É, dezembro/2011, teceu o seguinte comentário:
‘Dezembro, mês internacional das promessas e previsões para o ano vindouro. Uma previsão para 2012: você vai prometer e programar um monte de mudanças que não vão acontecer e eu também. No Ano Novo, nós imaginamos tudo que gostaríamos que acontecesse e desconsideramos solenemente qualquer potencial de dificuldade. Conhece alguém que inclua problemas de saúde, perda de emprego ou crises no casamento em suas expectativas para o Ano Novo? Nem eu. Minha previsão de Ano Novo: todos exageraram no otimismo, talvez...’
Talvez seja correto atribuir-se esse otimismo todo, por ser próprio do ser humano, a esperança e o projetar-se em busca de sucesso na realização de seus planos. Projetar-se, vir-a-ser é ontológico, assim como o sonho e o desejo de ser feliz... Importa não perder o fio condutor da vida na construção desses projetos na rotina de cada dia, a humanização. Faz parte do nosso processo de humanização, refletir e agir com disciplina ao cuidar da vida, cuidar para que os sonhos não caiam na descrença e a semente não feneça antes de vir-a-ser. Cuidar dos sonhos é cuidar da semente, é cuidar da vida.
Talvez uma forma dos sonhos tornarem-se realidade seja torna-los coletivos. Cuida-se melhor em conjunto. Dois olhares, são sempre mais que dois... Façamos do sonho individual de ser feliz, projeto de uma humanidade mais feliz, assim seremos muitos cuidando da mesma semente. E, em cada ação diária, teremos a disciplina do cuidado com o meu projeto, que também é teu.
Talvez, esse movimento constante de velar pela vida, pelo sonho e lutar pela sua concreticidade no fazer nosso de cada dia, seja a maior realização e, o sonho de humanização se dê em meio à caminhada, como diria Guimarães Rosa ‘o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia...’ então, talvez nos demos conta antes do fim do ano, de que mais importante do que o resultado final, é o inédito de cada dia... o detalhe do percurso, a pequena conquista diária e, o gesto de amorosidade na convivência fraterna, que dá sentido à travessia durante todo o Ano Novo.
Feliz dois mil e doce para nós e para toda a humanidade!
PS: Eu não errei, desejo que em meio a outros sabores, permita-te sentir também o ‘doce’ da travessia...