A Democracia e o Respeitável Público

“... escreveu e não leu o pau comeu...”

Há umas semanas atrás tivemos o Supremo Tribunal Federal envolvido com a questão da “Ficha” limpa. Finalmente parece que ficou decidido que quem tem a ficha “suja” não pode participar das eleições. Só quero ver quem vai “amarrar o cincerro(?) no pescoço do gato”, isto é, provar que o candidato está impedido. Certamente quando for barrado vai entrar na Justiça pedindo que seja julgado seu caso específico. Enquanto isso, com liminar, concorre as eleições, ganha, toma posse e fica esperando, no cargo, a decisão da Justiça que costuma demorar, porque afinal tem outras coisas mais urgentes a serem decididas. É bom que se saiba não entendo de Leis, mas entendo um pouco de História.

Outro fato polêmico que continua azucrinando as cabeças dos eleitores é o fato do eleito não ter escolaridade (Tiririca é a bola da vez). Mas parece que isso pelo menos no plano legal ficou resolvido. O Povão é que não aceita. De vez em quando estão na Internet comparando o salário do Ilustre Analfabeto com o dos professores. Para tranqüilidade dos corruptos e crápulas, pelo menos na cabeça do povo, ficam esquecidos.

A Democracia tem mesmo esses caprichos. Os Gregos, responsáveis (ou culpados?) pela idéia de instituir tal Doutrina Política que o digam. Segundo eles, sem o menor remorso, diziam: “... uma doutrina do povo, para o povo e pelo povo...” Ai sou obrigado a escutar o Primo Policarpo: Ué!!! Mulher e escravo não era povo??? Então... Com a Democracia Grega conseguiram repartir os direitos e deveres dos Cidadãos. Mas tiveram que impor(?) algumas regras. E foi ai que o perigo começou a habitar entre nós... Quem fazia as regras começou a deixar de fora quem não participava do “bolo”.

Certa vez, numa viagem de carro em direção a uma dessas Faculdades noturnas, perguntei a uma amigo meu, professor de Política, como ficava a votação na Câmara de um assunto em defesa dos pobres e miseráveis se a maioria esmagadora era nascida em “berço de ouro”, e poucos tinham sentido o que é pertencer a essa faixa da população? Então ele me veio com essa: Ah meu caro, a pessoa esclarecida tem sensibilidade!!! Achei a resposta evasiva, mas não só me faltou argumento para continuar a discussão como também percebi que ele poderia não ter SENSIBLIDADE para me entender...

Sou deficiente físico e participei de muitos encontros para conseguir avanços em defesa dos nossos direitos. As conquistas nos últimos tempos são enormes, como todo mundo sabe, mas ficam quase sempre no plano das Leis (que nem sempre são obedecidas). Mas e no plano emocional e afetivo? Por exemplo: para cada dez namoradas que meus amigos arrumavam eu tinha que me contentar com uma ou no máximo, duas. As coisas nem sempre dependem de Leis escritas. A própria natureza seleciona os mais aptos. E nesse plano nada pode ficar estabelecido num sistema legal feito pelo homem.

Por isso acho que uma Doutrina Política Moderna tem que ter, dentro do possível, na esfera da reflexão legal, representantes de todas as faixas constituintes dessa sociedade. Ao lado dos empresários, dos profissionais liberais, funcionários públicos, dos comerciantes, dos produtores rurais, dos trabalhadores, é bom que se tenham representantes das demais faixas, que podem ser consideradas inexpressivas (analfabetismo inexpressivo no Brasil?), mas independente do seu grau de escolaridade. Acredito que a escolaridade bem como a especialização profissional deve ser exigida de acordo com a tarefa que se vai executar. Para ser representante de uma faixa social é preciso que ostente sabedoria e bom propósito, e nem sempre a escolaridade é suficiente.

Como sempre o Primo Policarpo ficou só de ouvidos e me saiu com essa: Você falou, falou, e até agora nada de “Causo”!!! E como é que fica? Sou obrigado portanto, deixar aqui uma promessa: Na próxima oportunidade vou trazer um “Causo” que ilustra na prática aquilo que por um tempo considerável ousei defender. Esperem para entrar em contato com: O GRANDE EMPRESÁRIO E O ANALFABETO. Promessa é dívida. (Oldack/21/11/010). Reeditado em 22/02/012.

Oldack Mendes
Enviado por Oldack Mendes em 22/02/2012
Código do texto: T3513072