Expectativa
EXPECTATIVA
Rodavam pela estrada rumo ao litoral. Chegaram à Serra do Mar. A serra estava linda, toda florida em tons de roxo, branco, rosa e lilás. Não só os manacás, mas também as quaresmeiras já estavam floridas. A ansiedade foi crescendo, aos poucos, até um ponto quase insuportável.
Foi então que a menina escapou de dentro dela. Esticava o pescoço para, lá do alto, ver o mar. Ei-lo, um pequeno vislumbre de água brilhando ao sol. Mais algumas curvas e ele iria apresentar-se em nova e melhor visão. A menina sabia que agora faltava pouco. Mais um trecho de curvas e estrada, e lá estaria ele, à sua espera.
Então, cabelos ao vento, caminharia descalça sobre a areia macia, ao seu encontro. Ele beijar-lhe-ia os pés, acariciar-lhe-ia a pele morna do sol, envolvê-la-ia em seu abraço salgado. Na fímbria do mar, as conchas estariam esperando que ela as recolhesse.
A menina, então, aquietou-se. Sabia que, pelos próximos dias, seria ela a viver naquele corpo de mulher.
Depois, quando de novo subissem a serra, recolher-se-ia, quieta, submissa, até que de novo voltassem ao mar.
Lu Narbot
Ubatuba, 10/02/2012