Planos para a Vida

Nossa inteligência, nata ou adquirida, nos faz procurar aquilo que nos completa, que nos faz realizados. Vivemos a procura; em busca dos nossos sonhos, das realizações cristalizadas por tantos anos, tantas noites, tantos tempos. As vezes o que mais procuramos na vida, achamos, seja aquilo que mais nos daria prazer. Mas, as vezes aquilo que mais almejamos não seja assim tão fundamental para a felicidade. Infelizmente, descobrimos isso com a vida, com o passar dos anos. Nos sentimos felizes, e ao mesmo tempo amargurados pela pouca empougação que algumas conquistas nos proporcionam. Muitas vezes, nos sentimos fracos por lutar tanto tempo por algo que juraríamos, traria a magnitude de uma alegria imensurável. Da mesma forma, nos sentimos tristes por tanto tempo perdido em prol de algo que não era bem nosso objetivo. Nunca as vi na minha casa, visitantes inesperadas. Talvez migrantes a procura da felicidade própria. Entreti-me dia desses com, acredite, formigas. Senti-me interessado pela presença dessas pequenas criaturas. Deixei um pequeno doce em cima da mesa, uma bala para ser mais específico, e percebi que essas, as criaturas, apareceram, mesmo nunca as ter percebido. Fiquei bastante impressionado pela presença delas, e pela ciência nata que tenho em mim, percebi que havia algo de diferente na sua visita, algo que poderia trazer um ensinamento de vida. Também pudera, seres divinos sempre nos têm algo a ensinar. Ao esquecer uma simples bala em cima da mesa vi que formigas apareceram. Essas, como nunca haviam aparecido por aqui, talvez estivessem em outro lugar, rumando noutra direção. Talvez o único objetivo delas seja encontrar um doce, alguma glicose que dê sentido às suas próprias vidas. Fiz o “experimento” mais vezes. Ou seja, retirei aquela bala e coloquei outra em outro lugar. Percebi que novas formigas apareciam a procura do seu doce, do seu ópio. Mais estimulante ainda para a ciência, foi quando verifiquei que algumas estavam mortas junto ao doce, ou muito próximas a ele. Morreram ao conquistar seu grande objetivo. E nesse mesmo doce, onde algumas ali jaziam, novas formigas não apareciam. Ou de alguma forma percebiam o seu fim próximo. Interessante? Sim, talvez não. Talvez esses seres, quase que inanimados em comparação ao intelecto humano, tenham algo que possamos aprender. Ou nos façam compreender melhor aquilo que não percebemos no nosso cotidiano. Passamos uma vida, ou parte dela, a procura de um objetivo que nos faça feliz. Conheci poucas pessoas que aspiravam algo desde a infância ou adolescência e obtiveram êxito. Muitos quiseram ser bombeiros, astronautas, professores, médicos; mas poucos os são. A grande maioria atribui ao destino ou que um momento de sorte as tenha levado ao que são hoje. Estudamos, trabalhamos, em busca daquilo que, conforme nossa formação, nos dará o melhor futuro. Isso trazemos de berço, como diriam os mais “experientes”. Entretanto, não percebemos que às vezes dedicamos muito tempo àquilo que nem ao menos temos certeza, é o melhor que queremos, que nos faria feliz. Infelizmente muitas das vezes aprendemos isso com a prática. Lutamos e quando conseguimos vemos que não é tudo o que queremos, e então percebemos, não precisávamos daquilo para ser feliz. Muitas das formigas morrem ao conseguirem seu objetivo. Isso mostra algo da vida humana. Talvez não morremos fisicamente, mas morremos intelecto e espiritualmente. Muitos ainda, estão no caminho, sem ter a noção do sentimento de derrota que a conquista pode trazer. Sabemos que um grande objetivo não se conquista em poucos passos. Por isso passamos grande parte da vida atrás de algum deles. O importante é saber que às vezes precisamos ser racionais e pararmos em algum momento. Focar o futuro e saber balancear aquilo que realmente nos daria o prazer da conquista é o objetivo. Não ter medo de voltar atrás e começar tudo novamente é imprescindível para a contrução da felicidade. Digo sim, construção. Por que a felicidade não se baseia numa boa formação, numa vida profissional invejável, num casamento consolidado, na formação de uma família. Mas em tudo isso ao mesmo tempo. Não há frações. E ainda, existem as variantes. Ás vezes, a conquista de um grande objetivo pode ser triste, como a das formigas, mas na proporção da lucidez humana, pode ser trágica. Saber focar num objetivo é importante, falhar no foco, trocar a rota e traçar novos planos, é fundamental.

Patrik Rodrigues
Enviado por Patrik Rodrigues em 22/02/2012
Código do texto: T3512816
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