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Século 21! Aqui estou eu, domingo, noite, chuva, feriado, casa, sentada, sozinha, gorda,cansada,enfadada, ansiosa,ociosa, esperando, vendo, lendo, tendo,tempo, imaginando,contemplando,assistindo, clicando, seguindo, procurando, arrumando, desfazendo.

Ao meu redor tudo é inovador, para minha avó que viveu intensamente no século anterior, é quase impossível imaginar como se vivia sem internet, televisão, mp3, mp4,mp5,celular que grava, canta, filma, só não trabalha, DVD, microondas, máquina digital, microcomputador, laptop, notebook...

Tudo está tão ao meu alcance que se eu quiser ter uma deliciosa refeição não preciso fazer nenhum esforço além de discar o numero do restaurante, se eu desejar conversar com uma tia na china isso é possível, ou conseguir um amigo ou namorado – simples- apenas com um clik e minha agenda eletrônica estará cheia de fãs, amigos e até seguidores.

A tecnologia é maravilhosa, esquecendo o fato que ela ajudou nos meus quilinhos a mais e lembrando os benefícios que causa na vida de muitos, me pergunto como em um mundo tão globalizado, o qual é invadido todos os dias por diferentes tecnologias possam existir tanta gente depressiva?

Pessoas que ao invés de contemplar as pontes, pulam delas, que preferem no fim de noite embriagar-se até que esqueçam de suas dores, que acham atrativo os veneno de ratos e comprimidos que te fazem apagar e jamais levantar.

Como pode em um mundo tão intenso e extenso existir pessoas que cuidadosamente em uma manha de sábado, preparam a sua forca na varanda de sua casa? Ou como entender aqueles que têm uma agenda lotada de números, em segundos faz a festa para milhares e ao dormir apela para remédios depressivos e sente-se só depois de conviver tanto tempo com tanta gente.

É sempre bom lembrar-se daqueles que tem uma conta bancária invejável, um carro do ano, a casa dos sonhos, o emprego impossível e freqüenta divãs com psicólogos e consultas com psiquiatra em virtude da solidão que tem ou da imensa dificuldade de conseguir um parceiro.

Difícil é entender, e é nestas nostalgias filosófica, que olho para vovó, o tempo dela era pacato, o dinheiro pouco, a dificuldade muita, mas, nesse período distante as pessoas não sofriam com tanta dor na alma.

Tempo distante, onde se sabia os nomes dos vizinhos, as qualidades dos pais, os desejos dos filhos, os defeitos do amigo, as hipérboles das avós, alegria das crianças, a felicidade dos jovens, o desespero do pobre, o contentar do rico e as grandezas da vida.

O meu computador diz que tenho tantos amigos que para fazer uma festa terei que alugar um ginásio, os rapazes dizem que sou tão bela, que agora me olho duas vezes no espelho para encontrar o meu encantamento.

Minha caixa postal está cheia de mensagens desejando felicidades, amor, paz, saúde, que não entendo o porquê meu celular não demonstra vida há anos. Recebo tantos recados dizendo que posso contar com todos que não entendo o porquê num dia de chuva não encontro ombro amigo.

È certo que a tecnologia trouxe muitas facilidades, e nestas facilidades surgiram a superficialidade, isto explica porque muitos amigos do Orkut mão me cumprimentam na igreja, faculdade, trabalho, ou em um simples dia de sol no parque.

Inexplicável, eu saber da vida do meu próximo: vizinho, colega de trabalho e até parente, por fotos e comentários exposto em rede mundial. Talvez, com tanta tecnologia facilitando a vida é fácil entender agora, o porquê as pessoas se jogam na frente do ônibus por não ter amizade.

A superficialidade possibilitada pelas tecnologias não substitui o contato das mãos, o carinho do abraço, o envolver do perfume, o conforto da voz, o brilho dos olhos que uma pessoa tão próxima pode proporcionar.

Oxalá, que nos séculos por vir, meus genros e netos não sejam encomendados por internet e os meus filhos se dêem o trabalho de ir a minha casa e não se contentar apenas com um scrap.

Talvez se isto ocorrer, não acabará os desesperados suicidas, entretanto diminuirá pessoas que freqüentam mais o psiquiatra do que a casa do irmão, ou um simples vizinho.

Jhomara Alves
Enviado por Jhomara Alves em 21/02/2012
Código do texto: T3511552
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