Seria o vocábulo Prof. um pronome de tratamento?
Penso muito sobre o falar das pessoas e logo sou obrigado a refletir sobre a gramática e a linguística. Tenho um amigo psicólogo, apaixonado por psicolingüística como eu, que adora prosear sobre os usos de certos vocábulos, uma vez que somos seres conscientes do uso semântico da língua. Então, numa dessas surgiu: Seria o vocábulo “prof” um pronome de tratamento?
Entende-se pronome de tratamento por uma palavra que auxilia numa linguagem mais formal e que deve ser empregada da mesma maneira que os pronomes pessoais, substituindo-os. Todos sabemos que essa substituição há muito acontece com o termo “prof”. Muitas pessoas são chamadas de “prof”, independente de serem ou não professores, um simples cargo hierárquico de distribuição de informação ou conhecimento, perante um grupo de seres humanos, revelando assim a natureza reverencial do vocábulo. Utilizam-no como pronome de tratamento com mestres de artes marciais, técnico de futebol, um especialista em alguma atividade, entre outros - só para citar alguns.
Penso que, da mesma forma como usamos “Você”, como forma de tratamento para uma pessoa íntima ou familiar, deveríamos usar “prof” como forma de tratamento com pessoas com as quais mantemos certo distanciamento respeitoso e das quais somos levados a reflexões quaisquer que produzam aprendizado.
Parece justo, não?! Seu uso está aí e desde cedo aprendi com meu avô que o uso de algo define não apenas para que serve, mas também o que é, quer dizer, como classificá-lo. É isso ou ficaremos mais 500 anos exaltando hierarquias baseados em valores duvidosos e cargos ditos e defendidos como importantes não por uma sociedade, mas, sim, por histórias de tirania e massacre. Pensem Senhores e Senhoras, Excelências, Eminências, Altezas, Santidades, Reverendíssimos, Paternidades, Magnificências e Majestades. Afinal, esses pronomes tão ligados a cargos e postos são mais importantes que o “você”, puramente íntimo e de uso particular de cada um, por isso mesmo livre e democrático como a língua deve ser, bem como o nosso tão importante e já decretado pelo povo “prof”, indivíduo responsável por nos ensinar algo, dar lições, defensor da democracia e do conhecimento, por isso merecedor de respeito e Tratamento.
Queiram gramáticos e linguistas ou não - já ganhamos um novo pronome de tratamento, pois a língua é feita pelas pessoas para as pessoas.