FUI ADOTADA POR UM CACHORRO...

Há muitos anos, ainda menina, morria de medo de cachorro. Medo que começou após ter sido mordida por um. Os anos passaram e nada deste medo ir embora. Até que me casei, e, num belo dia, o portão da minha casa estava aberto e eu no quintal; entrou um dog alemão e, claro, veio na minha direção e pulou.

Paralisei, não conseguia me mexer, não conseguia gritar e suava frio. Meu marido apareceu como um milagre e chamou pelo cachorro, que era do vizinho. Colocou-o para fora, com a maior calma, afinal o cachorro era um amor. Abraçou-me e eu chorava aos prantos, apavorada!

Depois deste vexame, resolvi que tinha que comprar um cachorro para perder o medo. Fiz inúmeras pesquisas na net e adorei a raça weimaraner, por ser extremamente dócil. Dá para acreditar que estava com medo de segurar o filhotinho na caixinha em meu colo? Pois estava. Os dias se passaram e eu conversando com ele, pedindo paciência e para ele ensinar-me a perder o medo. Batíamos o maior papo. Dei-lhe o nome de Bob Marley, meu primeiro cachorro.

Já completamente apaixonada por ele, e como ele passava muito tempo sozinho, resolvi arranjar-lhe um irmão, o Holyfield, um pastor-belga maravilhoso. Passaram-se mais alguns anos, e Bob Marley cruzou e peguei um filhote, o Thor 
 dos três, o que mais aprontava. Bom, amo cachorro e não tenho mais nenhum medo. Meus três amigões me proporcionaram momentos inesquecíveis... Mas, infelizmente, já morreram e sofri muito a perda de cada um.

Meu marido e eu resolvemos que não teríamos mais cachorro. Até que, há dois anos, apareceu no meu quintal um vira-lata, muito carinhoso. Não sabíamos se era de algum vizinho, pois estava de coleira. Colocávamos para fora e ele entrava de novo. Dei água, brinquei com ele e,mais uma vez, o coloquei para fora. Na manhã seguinte, ele estava no meu quintal. Quando me via, fazia até xixi de tanta alegria, não parava de pular e se jogava no chão. Malandro, como todo vira-lata.

Resultado: comprei ração, shampoo, ossinhos, etc. e tal. Ele está aqui conosco. Já conversei com várias pessoas para saber se alguém conhece o dono e nada. Dei-lhe o nome de Robin Hood, e ele já atende pelo nome. Muito esperto. Quando abrimos o portão para sair com o carro, ele nem se atreve a ir para fora, fica bem na dele dentro do quintal. Uma figura!

Como entender esta escolha? Como entender o amor que ela passa ao me olhar? Como entender a alegria ao saltar, agarrar-me com as patinhas e seu latido ao nos ver chegar? Fui adotada pelo Robin Hood, um vira-lata, malandro, cheio de graça e muito carinhoso. Como resistir? Alguém pode me explicar?

 

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Marcela Re Ribeiro
Enviado por Marcela Re Ribeiro em 20/02/2012
Reeditado em 03/03/2020
Código do texto: T3509283
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