Segue a boiada do carnaval

O conhecido Bumba-meu-boi é chamado aqui de “Boi de carnaval” e tem tradição. Bumba-meu-Boi é brincadeira no Natal por quase todo Nordeste, mas em Itabaiana ele faz a folia no carnaval, colorido e bailarino, com sua orquestra de caixa, pandeiro, ganzá, surdo e tarol. Carnaval em Itabaiana sem bois não é carnaval.

Montado no Cavalo Marinho, o mestre comanda os brincantes com seu apito, cantando suas loas. Alguns apresentam até porta-estandarte. O mais novo grupo de bois de Itabaiana é o Boi Trovão, do Açude das Pedras. O principal mestre de Boi de Carnaval foi o famoso Zé Especiá, brincante já falecido.

Na primeira reunião do Fórum Permanente de Artistas e Produtores Culturais de Itabaiana, no dia 10 de setembro do ano passado no Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, apareceram muitos mestres de boi. Já se falava na realização de um festival de Bois de Carnaval, projeto que não foi avante porque faltou grana e apoio oficial. Os patrocinadores não têm ânimo para apoiar brincadeira de pouco público, sem apelo comercial. Falamos com Chico, Secretário de Cultura da Paraíba, para a Secretaria apoiar o projeto. Ele achou lindo, elogiou nossa pujança folclórica, mas cacau que é bom, nada! “Esse ano não temos nem um vintém para carnaval, mas ano que vem é certeza: vamos apoiar os bois de Itabaiana”, prometeu Chico César.

Enquanto isso, sem ajuda de ninguém, os bois saíram nas ruas esburacadas e lamacentas no carnaval da velha Itabaiana do Norte. No ano passado, contei 25 troças de bois no carnaval, sendo os principais o Boi Pássaro Dourado, de Pinininho, Boi Castelo do mestre Cidinho, Boi Rei do Jucuri, de Elizângela, Boi Garotinho de Galdino, Boi Furacão de Josemar e Boi Terremoto do filho do meu compadre já falecido, o ferroviário Zé Luiz de França. Completando o ciclo das forças da natureza, tem o Boi Tornado, do mestre Fábio Rogério.

São tantos bois e tantos mestres e mestras que eu desconfio: essa brincadeira não vai acabar nem tão cedo. Sabe por que o boi é eterno? Porque a vida conhece um só sentido: pra frente. E o cortejo do boi segue em frente com as novas gerações. Exemplo: mestre César é dono do Boi Mister Bomba. Sua filha Marilene já montou seu boi e sai atrás do pai com o Boi Mister Bombinha. No Nordeste é assim: boi dá cria e sobrevive no deserto.

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Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 20/02/2012
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