Prezado amigo Luiz Inácio
Nestes tempos reais de inflação baixa, tem muita gente sorrindo á-toa e muitos outros sonhando alto.Fora, os apavorados...
Eu por exemplo,sonhei outra noite que os preços estavam todos tabelados. Não! Não é tabelado pela(*) SUNAB. É o produto com o preço á vista. Também é à vista que não se possa comprar a prazo. É o peço exposto ao alcance visual do consumidor. Sonhei que tudo que estava a venda tinha o seu precinho etiquetado.Tudo especificado nos mínimos detalhes. Até a nota fiscal transitava
naturalmente,entre consumidor e comerciante. Se assim fosse na realidade, evitaria de certo alguns contra-tempos.
Imagine, senhor Luiz Inácio, eu resolvi comprar um serviço comum, passando pela praça central de uma de nossas capitais, fui até um daqueles engraxates, escolhi aleatoriamente. Perguntei quanto era o serviço. Ele responde: - O sr dá ai um cafezinho Dr.
Para quem concluirá somente o segundo grau, ser chamado de Dr. era uma carícia no ego. Pra mim tudo bem estou acostumado a tomar café expresso e pagar por ele R$ 2,00. Achei que seria de bom tamanho o mesmo valor para o serviço. Doce engano! Quando o rapaz terminou o seu serviço, os sapatos brilhavam que me via no reflexo. Eu, ingenuamente, dei-lhe os R$2,00. Ele simplesmente, disse que aquilo não servia pra nada , que o seu serviço custava R$5,00. Mas que cafezinho caro o dele! pensei.paguei caro pro subestimá-lo. Porém se o preço estivesse exposto mesmo sendo um serviço certamente eu não teria passado por este transtorno. Pois naquele momento não possuía o valor reivindicado.
Não obstante, no meu sonho era diferente, tinha cartaizinhos mostrando valores pra todos os lados. Por exemplo, as meninas que costumam atender na beira da via. desfilavam de um lado para o outro com uma placa vistosa indicando o valor dos seus serviços, as vezes até discriminando a modalidade. Isto que é desenvolvimento. Uma guerra aberta aos exploradores, ninguém pagaria mais do que quisesse para adquirir mais nada, nem bens, nem serviços. Aumentaria até a oferta de empregos, a profissão de cartazistas seria a mais nova mina de ouro do mercado. Todo mundo querendo vender; todo mundo querendo comprar, mas ninguém levando "vantagens indevidas". Vantagem indevida, eta expressãozinha forte! hem amigo?. Eu particularmente, tenho um conhecido que foi batizado com este nome: Vantagem Indevida dos santos. este " dá nó em pingo d`agua". A lei Gerson para ele foi apenas um sussurro tênue diante da sua capacidade de ludibriar. Mas voltando ao nosso assunto caro amigo Luiz Inácio. Dá pra você imaginar em dia de liquidação, como ficaria a cidade, toda arranjada de placas mostrando valores atuais e anteriores, com as taxas de juros visíveis. O erário público abarrotado de dinheiro, pois se daria nota fiscal até na compra de camisinha.. Um real comprando dois dólares, que maravilha! No meu sonho até o meu salário era indicado numa placa que adornava o meu crachar e o valor do serviço que eu prestava era indicado por mim, sem reidexação. Dá pra imaginar!?! Olha , sonho igual a este, da vontade de continuar dormindo, pois a vida lá estava muito melhor do que aqui.
Diga pra mim Luiz Inácio não é um sonho simples, que pode se tornar real tão logo?.
* SUNAB Orgão do governo controlador de preços.
Década de 90 apogéu do plano real