Crônica domingueira
Despertei naquele domingo com o canto dos pardais. O céu estava ainda coberto de nuvens escuras , que eram perfuradas pelos primeiros raios do sol. Os filhos dos vizinhos já faziam algazarra na rua , e as redes nas varandas balançavam...balançavam.O ar estava dominado pelo clima domingueiro , com cheiro de panquecas e suco de laranja. Era domingo , portanto era dia de ir à igreja santificar a alma e trazer pureza para casa. Bem , pedir perdão pelos pecadinhos da noite anterior também , mas...
Apesar de ser um pouco cedo , não conseguia conter minha empolgação , pois era dia de ir ao estádio , cantar , pular e empurrar o meu time com minha voz. Já podia sentir o calor da torcida cantando: - DOMINGO EU VOU AO MARACANÃ...As bandeiras balançariam e nossas palmas dariam ritmo quando a bola rolasse. Foi pensando nisso , que nem percebi o domínio total do sol quente , e o desaparecimento das nuvens. Quando cheguei na parte de baixo da casa , minha mãe já estava na cozinha preparando o almoço. Macarronada com queijo , um prato típico da família , feito por gerações. O aroma do orégano com o vapor da erva-doce , inundava a casa inteira. Depois de alguns minutos satisfazendo minhas narinas , dei bom dia para minha mãe. Ela veio em minha direção , com uma folha de louro presa no cabelo , e amavelmente retribuiu com um abraço e um beijo na testa. O almoço estaria na mesa meio-dia em ponto , afinal pontualidade sempre foi um traço forte da casa. A mesa sempre foi bem composta por nós três. Sou filho único , mas nunca recebi mimos por isso. As responsabilidades sempre foram passadas com seriedade , e meu caráter moldado sem moleza.
Já que morava na casa , tinha que ajudar a mantê-la esplendorosa e com beleza. Não sei se isso conota orgulho , mas aos oito anos , já sabia cuidar de um jardim com precisão , sendo totalmente detalhista.
As horas foram passando e enfim chegou o momento do almoço. Para poder degustar a comida sem limites , nem tinha tomado café - da - manhã. Por isso , em algumas parte da manhã , senti tonturas. Era verão , e o sol queimava sem dó. Sendo assim , tomei um banho gelado para me refrescar e sentar à mesa de forma apresentável. Os pratos já estavam posicionados. Pratos fundos , pois cabiam mais. Quando a primeira quantidade saiu da panela , um rastro de fumaça foi feito e meu estômago vibrou em entusiasmo. Como a partida seria as 16 horas , já estava pronto , com a camisa ,uma bermuda e um tênis velho. Quanto ao meu pai , ainda estava de pijama , o que me deixou irritado. Comemos o macarrão quase todo , sem piedade. Me levantei , corri para o banheiro e escovei os dentes. A ansiedade do almoço já havia passado , e agora a que me tomava era a de estar logo no estádio. O fato de meu pai ainda não estar pronto , me deixava inquieto. Por isso , fui esperar no carro. Lá tinha ar condicionado , e poderia escutar a cobertura esportiva na rádio , sabendo a possível escalação.
Não posso reclamar , porque depois de alguns minutos , meu pai chegou com sorriso no rosto , pendurou uma bandeira no carro e entrou cantando o hino em voz alta. Bem , o clima estava formado. No caminho para o estádio , cruzamos com outros torcedores , que buzinavam alegremente como se fossem nossos conhecidos. O trânsito estava ótimo , e a cidade parecia ser somente nossa. Em pouco tempo estávamos na porta do estádio. Deixamos o carro umas ruas atrás , para facilitar na hora de ir embora. Quando chegamos em frente .....
Bem , essa parte fica para um outro dia!