Cidade grande

Passando por uma praça movimentada da cidade de Salvador-Ba, vi um aglomerado de pessoas em torno de um corpo estirado no châo.

- É um cadáver!?! Alguém gritou de lá.

- Será que está morto? Indagou um presente.

Um pouquinho mais na frente, passou um garotinho de rua em disparada. logo atrás dele, um tipo musculoso e em seguida uma mulher desengonçada, todos a gritas:

Pega ladrão...pega ladrão!

Mais confuso do que já parecia, tomei um ônibus coletivo que não estava muito cheio, exatamente, ás 18:00h. Após parar no semáforo ouvi um grito la do fundo do transporte.

- Dá uma abertinha aí motor! Obrigado meu pai!!!!!(*)

Aproveitei e saltei também pela frente, na porta da saída. Isso fora do ponto de parada. Neste instante dei de cara com um policial em serviço, que gritou cinematograficamente:

- Pare aí, documentos! Você não sabe que é proibido saltar fora do ponto de parada do ônibus? Vai ter que me acompanhar até a delegacia.

Poderia dizer que aquele de certo o meu melhor dia. Mas morando numa cidade como salvador, era até um dia tranquilo. Depois de argumentar muito com o policial, já comendo um suculento cachorro quente. Ele resolveu esquecer, porém com uma condição: que eu deixasse outro pago com uma coca-la bem geladinha pra ele.

Ótimo, estava livre, precisava ir pra casa, não aguentava mais o estresse daquele dia. tomei outro transporte quase cheio , "saindo pelo ladrão", como se dizia aqui no popular. Tive que ouvi aquela musiquinha que não cansava de tocar no rádio e a toda altura, uma melodia já conhecida por todos , aquela: aê, aê , aê, aê...ê, ê, ê, ê....ô, ô, ô,ô, ô...Eu simplesmente não aguentava mais ouvi aquele hino de folia. Como era impossível descer, tanto era a lotação daquele ônibus, fui direto pra casa. Imaginem o meu estado, so pensava na ducha que tomaria assim que chegasse no aconchego do meu lar...

Já na portaria do prédio, senti um calafrio, uma sensação de abandono de lar,daquelas que sentimos quando saímos de casa da nossa mãe. E, não deu outra: acabara de ser despejado. A pessoa que dívida o apartamento comigo tinha deixado de pagar o aluguel por dois meses sem me falar nada, isso recebendo a minha parte do pagamento. A proprietária resolveu por bem nós jogar na rua. Ta assustado!?! Tá assustada!?! Eu não!. Tudo isso faz parte das mordomias metropolitanas, á baiana.

Em meio a tudo isso , estamos preparando para enfrentar "o cólera". Graças a Deus: "não temos problemas com esgotos". "Noventa por cento da nossa população possui água encanada e saneamento básico". Por isso estamos rezando para que a contaminação não se propague por aqui.

Caro amigo, estamos todos com bastante saudades, e, na expectativa do seu regresso, Volte logo! Venha ver de perto as metamorfose do nosso BRASIL.

*Forma popular que o soteropolitano pedi ao motorista abrir a porta de saída do coletivo.

** Música que fez muito sucesso naquele ano...

SALVADOR, INÍCIO DA DÉCADA DE 1990.