A Menina do Cabelo azul  e o "Educador" Cabeça-Oca
Jorge Linhaça
 
 
É cada absurdo cometido neste país em nome da educação e de normas que por vezes é difícil até de acreditar.
 
Na pobre Uberaba ( no sentido de que ainda vive a mentalidade do século XVIII) uma aluna foi proibida de assistir às aulas por pura e simplesmente ter tingido os cabelos de azul.
 
A tal escola Cenecista Dr. José Ferreira ( da CNEC- CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE) e que de comunitária não tem nada já que trata-se de uma das escolas mais caras da cidade, dirigida pelo Sr. Danival Roberto Alves, um terrorista pedagógico e administrativo, pelo que podemos compreender do terror que inflige a alunos e funcionários, (papel que jamais deveria caber a alguém que se intitula educador) e ao que se vê na internet adora posar para fotos e aparecer, proibiu o ingresso da aluna apenas e tão somente por ela ter tingido os cabelos de azul-Royal.
 
Confesso que não sei quais são as normas da tal "escola" mas se nelas consta que alunos de cabelo tingido não podem frequentar a escola, pobres das falsas louras que deverão ter o mesmo fim da menina do cabelo azul.
 
A questão vai muito além da cor dos cabelos da menina, vai de encontro ao que o tal diretor tem na cabeça.
 
Lembra-me bastante aqueles filmes de colégios internos ou militares americanos onde a lei da mordaça e o terror imperam entre os alunos. O tal código do silêncio.
 
Tanto alunos como funcionários da instituição, obviamente sob ameaça velada ou explícita, fecham-se em copas diante do descalabro maquiavélico do tal Danival
 
Como educador custa-me acreditar que o Sr Danival esteja no pleno exercício de suas faculdades mentais.
 
 Assim como é surpreendente que a Câmara Municipal ainda esteja pensando em que tipo de ação tomar para não denegrir a imagem do colégio...oras bolas...e a imagem da garota que foi retirada da escola pela cor de seus cabelos?
Como sempre os políticos estão mais interessados no financiamento de campanha do que nos interesses da comunidade.
 
Que tipo de professor ali trabalha?
São educadores ou capatazes de senhores de engenho?
 
Deviam envergonhar-se de não se mobilizarem exigindo a destituição do cargo do tal senhor idoso, a quem os brancos cabelos não trouxeram nem um pouco de sabedoria.
 
Será que na tal "escola" não existe nenhum aluno de cabeça raspada?
 Não existe nenhum que ostente um moicano a lá Neymar?
Será que a cor dos cabelos, seu corte ou penteado tem algo a ver com a capacidade dos alunos?
Só mesmo sendo absolutamente retrógrado para assim pensar.
Aliás...aparentemente incitados pela direção da escola os demais alunos começaram uma campanha de bulling contra a menina...ridicularizando-a pela cor de seus cabelos.
 
Talvez seja apenas mais uma maneira do tal diretor conseguir publicidade, ir a entrevistas, posar para fotos...ansioso por mais 15 minutos de fama.
Só que , desta vez, o tiro parece ter saído pela culatra, a fama agora é outra.
 
É inaceitável que em um estado como Minas Gerais, onde a Inconfidência Mineira deu-nos a figura imortal de Tiradentes, o estado onde o quase presidente Tancredo Neves pôs fim aos dias da ditadura, ainda haja senhores desse quilate, que apoiando-se no poder econômico
pretendem transformar suas instituições de ensino em feudos dos dias atuais.
 
Qual será o próximo passo do intimidador diretor?
Mandar colocar no pátio da escola um pelourinho e um tronco para castigar os alunos e/ou funcionários que não se curvem reverentemente à sua passagem?
 
E os pais dos outros alunos?
Serão tão ineptos, orgulhosos  e omissos que não percebem que seus filhos podem ser as próximas vítimas desse algoz?
 
Será que toda Uberaba vive esse atraso mental?
 
A tal escola é paga....isso mesmo paga...e bem paga aliás, para educar seus filhos...resta saber o que se entende por educação nessa província.
 
Nem só de pão de queijo vive o homem, mas do exercício de sua cidadania.
 
Ou será que os tais pais e alunos da escola preferem dizer que :
 
"Nem só de pão vive o homem mas de toda palavra que sai da boca de Danival"
Aparentemente  elevado ao patamar de Deus pelos "agradecidos" pais, por seus filhos estudarem numa escola que aprova em vestibulares?
 
A educação não é apenas aquilo que está nos livros e nas questões do vestibular, a educação é tudo aquilo que se vê e aprende na escola.
 
Os filhos desses pais deslumbrados deveriam perceber que seus filhos estão sendo conduzidos pelo caminho do preconceito e da obediência cega.
 
Quando algum desses filhos sair colocando fogo em mendigos ou índios pelas ruas, provavelmente esses mesmos pais vão achar normal, afinal fazem parte da elite podre da cidade e para eles obviamente os direitos das pessoas não valem de nada a não ser que atendam aos seus próprios critérios.
 
Quando algum desses filhos, ensinado de que os fins justificam os meios, entrar atirando pelas portas do colégio esses pais não terão moral sequer para chorar seus mortos já que estão sendo cúmplices da tirania do tal diretor e de suas idéias próximas ao nazismo.
 
Fossem esses pais pessoas sérias e se manifestariam desde já.
No mínimo se recusariam a pagar as mensalidades ou esvaziariam a tal fábrica de horrores comandada por um carrasco torturador que, além de tudo, como todo covarde, depois da merda feita, desaparece misteriosamente em viagem fora de época.
 
Infelizmente, ao ver esse tipo de situação, só me resta lembrar o saudoso Nelson Rodigues, que em sua obra "Bonitinha mais ordinária" ( ou ao menos na adaptação de sua obra para o filme homônimo) onde, além de retratar a hipocrisia da sociedade mineira que se pretende uma nova era Vitoriana, soltou o inesquecível bordão:
 
"O mineiro só é solidário no câncer". E eu acrescentaria...e olhe lá.
 
Quem achava que o coronelismo estava acabado é porque não conhece Uberaba e o Colégio Cenecista.
 
Salvador, 18 de fevereiro de 2012