PÃO, CARNAVAL E FANTASIA...

 
 
 
Quatro horas da manhã – vinte e um graus de temperatura – e eu, que fui dormir às vinte e duas horas de ontem, estou desperta, desde as três, o que era previsível. Não preciso de muitas horas de sono, meu corpo se contenta com cinco ou seis horas de descanso.
 
Coloquei os ingredientes na cafeteira elétrica para preparar meu habitual e saboroso café
enquanto  assisto ao desfile das escolas de samba de São Paulo. Em que pese o meu pouco interesse pelo carnaval, não posso deixar de admirar o trabalho dessa gente que a ele se dedica o ano todo.
 
É de uma perfeição e beleza inigualáveis. Aí é que se percebe que a união faz a força, de fato. Carros alegóricos imensos, majestosos, uma realidade quase impossível. A imaginação e criatividade do homem não têm limites. Acho até que menos escolas deveriam desfilar e mais tempo deveria ser dispensado a cada uma no sambódromo, para que pudéssemos admirar ainda mais as alegorias apresentadas.
 
Então eu me pergunto: - qual a finalidade de todo esse espetáculo, em um país onde se vive para pagar impostos altíssimos, onde a “ficha limpa” para candidatura ao um cargo político ainda está em discussão? Isso não estaria implícito, sem necessidade de leis que obriguem qualquer cidadão a possuir um passado íntegro para se eleger?
 
Aí é que entra a alegria e magnitude do carnaval. O povo sofrido, que se levanta de madrugada, sobe em ônibus ou metrô lotados, trabalha o dia todo e, no final desse mesmo dia, volta a enfrentar condições mínimas de conforto para retornar aos seus lares distantes, na rotina incessante e árdua de sua vida merece, no mínimo, cinco dias e noites de fantasia e emoção à flor da pele... 
- Nóis é pobre, mais nóis é feliz!