Um níquel por você
Como sempre a questão é dinheiro, eu sempre vi muita gente falando que dinheiro não é tudo (eu mesmo já falei isso muitas vezes), mas de uns tempos pra cá eu andei pensando muito em dinheiro, o mundo é movido a dinheiro, todo mundo me olha pedindo, de uma forma ou de outra, algum dinheiro. E eu não falo de pessoas mendigando, mas que mesmo aquelas que não querem um centavo de mim objetivamente me pedem dinheiro pelo ato de necessitar ou desejar que eu o tenha.
Não sei, talvez eu tenha nascido realmente no mundo errado, por que nesse mundo onde o dinheiro é a mola e óleo da engrenagem, eu simplesmente não tenho o menor talento para ganhar algum. E o pior de tudo, mesmo sabendo que eu preciso dele pra viver e sentindo falta em muitos momentos, eu simplesmente odeio dinheiro, não gosto de tocar, não gosto de usar e detesto o fato de ser obrigado a lidar com ele.Quem sabe isso explique o fato de eu ser tão ruim pra ganhá-lo, mas mesmo ao usar os meus (quase inexistentes) talentos para realizar algo que poderiam me valer alguns cobres, prefiro fazê-lo a troco de nada, quando escrevo, componho ou crio alguma coisa a minha vontade é de que cada ser humano sobre a terra pudesse desfrutar disso sem ter que ser extorquido, cobrado ou taxado. Mas infelizmente o mundo não é assim.
O dinheiro que eu uso pra comer, pra vestir e pra gastar com todo tipo de coisa, não é meu. Apesar disso me incomodar de uma maneira que eu nem sequer posso descrever eu simplesmente não consigo (ou não tenho força o suficiente) pra mudar essa situação. Apesar da minha vontade de ser independente, de ser livre, a minha covardia e a minha fraqueza sempre me limitam. Eu não posso ter o que eu quero, não posso dar aquilo que as pessoas realmente merecem de mim e não posso fazer o que gosto simplesmente pela minha incapacidade de fazer o que todo mundo parece fazer tão naturalmente: ganhar dinheiro.
Esta difícil, cada dia me parece mais impossível continuar, eu tenho plena consciência de que não resolvo nada, apenas adio o momento critico. Eu não sei por quanto tempo vou poder continuar a escrever, não sei nem mesmo por quanto tempo vou poder continuar vivendo, sendo assim eu peço que me desculpem a incompetência e prometo que vou tentar com mais afinco ser o melhor porco capitalista antiespiritualista que eu puder.
De uns tempos pra cá descobri que dinheiro não é tudo, mas que as coisas realmente importantes da vida, as quais valem a pena almejar, só podem ser adquiridas, ou mesmo mantidas, depois que se resolve o problema do dinheiro.
Tradução de tudo isso: eu estou realmente, com o perdão da expressão, "fudido e mal pago".
PS: ha pelo menos duas pessoas em especial, que com certeza não vão ler esse texto, as quais eu gostaria de dedicar as seguintes palavras: "sei que eu não sou o sonho de consumo (literalmente falando) de ninguém em matéria de dinheiro, nunca disse o contrario, mas me recuso a ser reduzido apenas a uma conta bancaria".