Um carnaval interno
Ontem, em total desatenção à minha consciência, dirigi-me ao Rio Vermelho, no intuito de, na presença dos meus, desfrutar as vivas do carnaval. Não obstante, em meio à festa, estive de todo submerso, alheio às respostas emocionais do sentido das coisas. Havia ali pessoas, música, sintonia (talvez) e emoção; mas o meu ser, triste na insistência de uma coisa que, para ele, não tem sentido, por dentro chorava. Aqui não vai uma crítica a nada – nem disso faço eu meu objeto. Vai o sentimento de alguém que algumas vezes apenas não se encaixa, e lamenta por isso. Dentro ao furacão de sorrisos, à atmosfera de alegria e vivacidade, estacionou a minha alma sozinha, quieta, fixada ao sentimento de, apesar de tudo, estar junta aos seus. E assim desfiz minhas impressões; observei-me, e aguardei. A carreata do carnaval passou; eu, no entanto, ali fiquei. E fico. E constato o quão nítida e bela é a diversidade humana: não fosse isso, o horizonte da vida deixaria de ser largo, mas ele o é; seria a vida um tédio, mas ela não o é.