SENTIMENTO DE (IN)SEGURANÇA PÚBLICA...

A maioria das pessoas tem uma “solução” para segurança pública, como têm a escalação perfeita para ganhar todas as Copas com a Seleção Brasileira. Mas, o buraco é muito mais embaixo.

Devido ao fato de ser uma parte polar do sistema, a visão da maior parte da população sobre a segurança pública é sempre algo que se limita ao que lhe toca ou atinge (beneficiando ou prejudicando).

No entanto, a violência é o resultado da incapacidade social em proporcionar a si e gerir a própria segurança. Não é só de polícia que se faz segurança, pois, ela está no campo da percepção. Enquanto isso, a violência se deita no campo do sentimento do inconsciente coletivo.

Sabemos quando estamos seguros, pois, percebemos os elementos que acalmam o ser. Por outro lado, somente sentimos a violência quando ela nos afeta, direta ou indiretamente.

Nesta relação percepção e sentimento, somente lembramos os produtos policiais, quando precisamos efetivamente deles. Se perguntarmos para quem teve um ente querido, ou ele próprio, salvo pelos bombeiros, policiais ou guardas, o que achou da atuação dos mesmos, certamente teremos muitos elogios. Mas, a segurança pública não é como a escola ou como o hospital, dispositivos sociais dos quais precisamos com bastante frequência para poder amealhar um bom ensino e manter a vida sadia. Não lembramos tanto dos "homens da lei" como nos lembramos de uma rua mal asfaltada ou com pouca iluminação. Isto, porque não precisamos deles todos os dias. Já pela rua passamos por ela diariamente e sentimos o medo da escuridão> Mas, não exatamente do escuro que temos medo, mas das situações que ela pode favorecer e de quem pode se aproveitar dela para agir. Todavia, se houver boa claridade, nosso medos é bem menor, embora estejamos sujeitos às mesmas situações.

Enfim, as pessoas somente se lembram da segurança pública quando precisam da "claridade" que sua presença traz. Mas, na sua ausência comentam o lado sombrio, mesmo que pontual, pois, reproduzem o que ouvem nos boatos ou que vêm na imprensa sensacionalista ou de turva cor.

Enfim, é evidente que as instituições policiais servem de instrumentos ao Executivo para manter a ordem e para Judiciário manter a lei.

Todavia, todo instrumento tem uma função que se for bem executada entregará um bom produto. Todas as forças públicas ou privadas de segurança têm o seu produto. E todo esse sistema tem um produto conjunto, qual seja:

Preservar o cidadão para que possa exercer todos os seus direitos e cumpra com seus deveres constitucionais, garantindo que se este vier a infringir a linha magna e positivada em Lei, possa ser seja detido, com respeito à sua condição humana, mediante denúncia e provas, e seja encaminhado para responder perante a Justiça.

Dizer que as polícias não tem produto, seria como dizer que os professores não ensinam, os médicos não tratam da saúde, os engenheiros não constroem, os arquitetos não projetam... Nenhuma profissão é infecunda. Não podemos dizer que os policiais "não produzem nada" e que são "peões" nos tabuleiros do Governo, ao facilitar sua condução da coisa pública.

As pessoas somente conheceram, conhecem ou conhecerão o produto da polícia quando esta for seu único caminho, sua luz na escuridão.

Tanto quanto nos preocupamos com todas as demais políticas públicas, necessitamos nos ater ao tema da segurança pública, no contexto policial, com ênfase na atividade da polícia militar, civil, federal e, mais modernamente, das guardas municipais. Não somente com debates infrutíferos, mas com atitudes que recubram e protejam todo tecido social.

Cemecemos conosco, rejeitando nossas convicções polarizadas, com nosso entendimento de mundo perfeito, com nosso reflexo no espelho.

E depois?! Passemos para nossa família, parentes, vizinhos, amigos, bairro, cidade...

Aí, sim! Começaremos as mudanças verdadeiras, transformando primeiro as pessoas, até chegarmos a uma verdadeira revolução, daquelas que somente temos conhecimento nos livros, compartilhando a segurança pública de todos, com todos!