Nasce uma escritora

Nova escritora na praça

Uma mulher suporta a dor nove vezes mais que o homem. São as artimanhas da natureza no preparo dessa que tem como destino a concepção.

Ela não teve filhos, mas suporta suas dores domésticas, físicas e psicológicas como toda mulher. Preenche sua vida com o trabalho, a família e os seletos amigos. Na melhor das hipóteses, é feliz com sua vida sem maiores sobressaltos.

Pessoa preparada e de boa educação, acostumada a ler grandes clássicos da literatura nacional e internacional, aprecia textos sem muito floreio, do estilo de poetas como Violeta Formiga, sobre quem até já produziu interessante artigo. Escreve breves crônicas e poemas enxutos, desses que descem ao concreto e ao essencial.

Não gosta da rotina, quer mexer na mesmice da vidinha, para ela sem muita graça. Pensa em ser autora, escrever seu livro. Aliás, escreve raramente. Pensar, meditar, isso faz todo dia. Tem a sensação de que precisa preencher a expectativa de escrever e ser lida além dos espaços cibernéticos, em livro de papel que seja parte de bibliotecas, que circule por aí nas mãos de uns e outros leitores, alimentando a cultura dos livros nesses tempos virtuais.

Com seus problemas básicos resolvidos, só falta plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Sem apetência para agricultura e impossibilidade de experimentar a maternidade, está gerando seu livro para falar do passado, louvar a honradez e caráter dos antepassados, deplorar a mesquinhez dos tempos modernos, criar uma poesia que desenterra a memória do lúdico e do sensual e unir-se com talento ao movimento de fraternidade universal pela cultura. Que seja bem vinda, menina, ao mundo dos autores de livros impressos!

Virou febre lançar livros na Paraíba? Não sei dizer, mesmo porque agora é que vou no sexto. Só sei que as pessoas inteligentes, cultas e criadoras como essa novíssima autora precisam mesmo socializar sua arte retraída em anos de silêncio. Qualidade não lhe falta. Quem escreve se autodescobre. Ao terminar uma obra, tem gente que muda substancialmente a visão que tinha de si mesmo. Só esse exercício de autocontemplação vale a pena as dores e dissabores do ato de escrever e editar uma obra.

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Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 16/02/2012
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