Fácil assim

As vezes penso que o descanso não acontece aqui... Temos que atravessar a ponte para poder deitar e dormir. Aqui fica impossível. São tanta coisas para fazer; é tanta gente para atender. As pessoas estão sempre ocupadas com elas mesmas, cada uma delas tem a exata noção do que quer, do que precisa e do quanto precisa das outras pessoas e tão pouca noção do quanto dá ao outro. Me disseram um dia que as pessoas vale o quanto tem, é aquela história do "vale quanto pesa". Não penso assim, o que sinto é que nos estamos tão envolvidos nos nossos problemas que as necessidades dos outros ficam distantes. E eu, na minha condição humana, as vezes esqueço alguém e ai me vem a culpa. Mas será que sou mesmo culpada? Será que alguém é culpado? A minha resposta é _ não. A culpa é da própria vida... É da própria condição humana que nos faz correr em busca de tudo e as paradas para o descanso ficam para depois, as paradas para ver quem e, se alguém precisa da gente, ficam a cada dia mais distantes, conforme a nossa ocupação. A cada dia esquecemos mais de visitarmos algum colega, amigo ou conhecido, na própria casa ou em um hospital. A cada dia esquecemos mais aquele telefonema as vezes tão importante para alguém que amamos. A cada dia nos isolamos mais dos vizinhos e não sabemos as vezes qual o nome do vizinho do apartamento em frente ao nosso. E isso só nos toca quando acontece com a gente... Quando alguém esquece que você também existe e que assim como eles está cheio de problemas e louco para ouvir alguém amigo, louco por um ombro onde encostar a cabeça e ai nesses momentos é que vemos o quanto estamos sós. Somos culpados e somos vítimas. Fácil assim...

Arlete Araújo
Enviado por Arlete Araújo em 15/02/2012
Reeditado em 27/04/2012
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