71 - Gare du Nord
Em pouco mais de uma semana estou aqui pela segunda vez.
Ou melhor: pela terceira.
Já me ia esquecendo de que desembarquei aqui anteontem às 11 da noite.
Estive em Londres e cheguei às 11 da noite.
O William esperava-me no Mc Donald’s em frente à estação.
Mandou-me uma mensagem para o telemóvel.
Devo tê-la recebido pouco depois de Calais ou ainda em Calais.
Estou no Mac Donald’s defronte da Gare du Nord: dizia.
Tal como em Roma ou aqui mesmo, no dia em que fui para Londres, ou em Londres, as pessoas olham para o painel electrónico dos horários.
Será que ouvi bem?
O TGV, o meu, Thalys é o nome da linha, para Londres é o Eurostar, para Amesterdão é Thalys, está atrasado? Será o meu?
Pouca diferença me faz, mais 10 minutos de espera, sinto-me bem em estações de comboio.
Tenho leitura comigo: um livro de pequenos esboços biográficos que trouxe de Londres, uma revista de bordo, parece interessante, e o Le Figaro de hoje.
Se não chegar, tenho o portátil. Posso dar uma vista de olhos às crónicas.
Ou então fazer o que agora faço: escrever.
A escrita, tomo consciência disso, tem-se tornado nos últimos tempos, uma companhia, uma espécie de alterego a quem revelo segredos.
Mais do que isso, e até mais importante, a escrita serve-me de companhia: eu e ela.
Gare du Nord
Paris
21 de Julho de 2010
Mário Moura