FERNANDA MEIRELLES

FERNANDA MEIRELLES

Conheci Fernanda entre os anos de 1955 e 1960, quando, nessa época, nossos pais possuíam apartamento no mesmo prédio, em Santos. Estávamos no limiar da maioridade.

O Jardim do Atlântico, nosso condomínio, constituía-se no ponto de convergência da mocidade frequentadora da cidade praiana. Possuindo grande número de apartamentos, e diversos espaços para lazer, como quadras de esportes, inclusive de tênis, ringue de patinação, salas de jogos, salões de festas e restaurantes, atraía não só os moradores, os turistas, como a própria juventude local.

Então, durante as férias, nos finais de semana, e nos feriados, era grande o número de moças e rapazes, nos prédios. Verdadeiro vulcão explodindo de alegria!

Não éramos em muitos. Nossa turma. Não mais que doze, entre os dois sexos. Porém, assaz unida! Estávamos sempre juntos nos mais diversos entretenimentos, desde o período matutino, na praia, até a noite. Pingue-pongue, jogos de baralho, futebol entre os rapazes, com a torcida feminina, e, finalmente, os famosos bailinhos, quando os pretendentes ao namoro finalmente davam as primeiras investidas.

Fernanda já nesse tempo demonstrava ser a mulher de gênio forte que é até hoje. Mesmo jovem, sua personalidade era marcante, colocando-a na liderança entre as demais amigas. Acrescente-se a isso, sua beleza aliada à simpatia, que a faziam admirada por todos os rapazes do nosso grupo.

Dentre estes, estava o Helio. Normalmente quieto, de poucas palavras, devagar, a seu estilo, foi se aproximando de Fernanda, até que, finalmente, conquistou seu coração. Após alguns anos, ele estudante de medicina, veio o casamento.

Quando os filhos cresceram, e não mais tendo necessidade de sua presença constante, Fernanda começou dar vazão à arte que trazia adormecida.

Não tenho a mínima condição de falar sobre pintura. Já disse em outras ocasiões, ser um grande admirador. Principalmente, da arte abstrata. Só posso dizer que me agrada. Gosto muito da diversidade de cores. Das mais vivas, do amarelo forte, do vermelho, do azul da cor do mar, do verde e suas mixagens.

Já estive em um vernissage da Fernanda Meirelles, lá no MUBE – Museu Brasileiro da Escultura, em 2009. Seus quadros me impressionam por ela usar e abusar das cores. Sua técnica é de um bom gosto admirável. E o que mais me impressiona, é a variedade de tintas utilizadas pela Fernanda, que apesar de muito diversificada, se afinam. Como se fossem (o que realmente são) substâncias químicas que se absorvem. Ela consegue combiná-las de modo a não agredir o olhar do espectador. Ao contrário, a comunicação entre sua pintura e quem a admira, torna-se muito suave. E desperta, por incrível que pareça, sensações ora de explosão, ora de paz. Aí está, penso eu, o grande trunfo da artista. Seu segredo. Esse poder de, num estalo, produzir sensações tão antagônicas!

Fernanda tornou-se, com muito merecimento, uma pintora de fama internacional. Já expôs sua arte nas Américas e na Europa, sempre com grande sucesso.

Proximamente estará expondo no Espaço Joh Mabe, em São Paulo.

Essa aproximação que temos desde a mocidade, dela ser, por afinidade, um membro de minha família, e, mormente, pela sua condição de grande artista que é, tudo isso me torna imensamente orgulhoso.

Admiro-a intensamente!

Pena que a distância nos impede de um maior contato.

Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 15/02/2012
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