Amor para toda a eternidade...
Dei as costas para você e me pus a seguir a minha viagem. Não havia coragem para despedir-me, pois era tanto o amor que sentia por ti,que toda despedida sempre me foi muito difícil. Não conseguia deixar-te só de novo. E saber ficar separado por tanto tempo mais...
Como você era linda com teus longos cabelos negros batendo ás costas!
As tuas saias rodadas e os aventais coloridos sobrepondo-as.
Seu sorriso sempre branco e maravilhoso me enfeitiçava, e sempre deixava transparecer seu lindo coração e seu amor por mim e nossas crias!
Despedir de você e de nossa casa na montanha e descer á costa para alcançar o navio que me levava á pesca em águas longínquas te fazia sempre triste!
Na noite anterior em nosso aconchego ,te tomei em meus braços e te fiz feliz,assim como você me fez á mim...
Horas de amor beijos e carícias sempre fizeram parte de nossas vidas,mas isto sempre antecipava as nossas tão mal vociferadas despedidas!
Por que tinha que ser assim? Por que não previmos o nosso destino!? Poderia ter me transformado num simples camponês e criar as nossas cabras naquelas montanhas calabresas ,ou arar o campo e colher o nosso trigo...Poderíamos também ter cultivado as parreiras e fabricar o nosso próprio vinho...
Ah! O vinho com que brindávamos á mesa a nossa felicidade olhando um nos olhos do outro!
Ou Com os nossos filhos ao redor da mesa,partilhando de uma bela massa,numa manhã de domingo...
Ah,quantas e quantas despedidas ao longo dos anos,quantas lágrimas derramastes enquanto me vias partir...
E em minha teimosia de ser homem,eu não chorava! Não na sua frente,mas em meu coração brotavam as lágrimas que eu derramava enquanto descia a encosta em direção ao mar...
Alforje às costas,carregado com poucas roupas surradas mas limpas,pois tu a batias na pedra á beira do rio,e também o queijo e o vinho que me ligavam ao lar quando lembrava de nossas refeições juntos.
No caminho ia sentindo o teu cheiro, o mesmo cheiro que exalavas em teu corpo, que era o de alfazemas frescas...Elas estavam ali espalhadas pelo campo,em seu tom azul arrocheado que te acompanha por eternidades...
Lindos campos azuis, me faziam sempre te recordar...Ia lá eu então,enxugando as lágrimas disfarçadas e iniciando um assovio á lembrar das canções que cantavas para mim,enquanto ia me esperar no meu retorno do mar
Próximo do mar as gaivotas vinham me dar as boas vindas e elas e os albatrozes me eram a única companhia por semanas de pesca em alto mar.
Mas o seu vôo me animavam,pois eu sabia que elas iam e vinham á costa como mensageiras de minhas saudades de ti,de tua pele morena mediterrânea,de teus lábios doces de mel e de teus olhos furta-cor...
Ah como eu te endeusava na minha consciência ,e meus ciúmes eram a prova de que tu eras eternamente minha em meu coração,pois que sabia te amar e que amarias para sempre...
Mas,neste dia de despedida ao te dar as costas cometi o mais triste ato de minha vida...
Deixei-te triste á chorar, e na tua intuição feminina,sabias de algo estava para nos separar...
Não beijei mais teus lábios e parti! E um vento forte começou...Dizias para eu não partir aquele dia,mas eu ignorando seus pedidos me fui...
Em alto mar a tempestade bramiu os furores de Neptuno,aquele deus com o corpo de gente e rabo de peixe que carrega um tridente(objeto em forma de garfo gigante de três pontas).e controla os oceanos e tudo que nele há.
Pude sentir que tinhas razão ao querer me impedir a partida,pois a tempestade avançou sobre nosso barco e nos cobriu...
Neptuno nos visitou e nos separou,pois logo depois pude te ver do alto,pois eu como um pássaro voei sobre as montanhas...
Compreendi que não poderia regressar em forma humana e fazer nada que fazia antes,mas te visitei por muitas e muitas noites e pude ver tuas lágrimas percorrendo o teu belo rosto,enquanto agora você as disfarçava para não deixar nossas crianças ver que teu coração sangrava de saudades...
Vi que muitas e muitas tardes tu insistias e ias ao caminho para me esperar,na esperança de meu regresso...
Sabias do Naufrágio ,mas preferias acreditar que eu não perecera ali,e que um dia eu apareceria por aquele caminho cantarolando uma canção da Calábria e te enlaçaria de novo a cintura e te roubaria um longo e decidido beijo...
Mulher de fibra e pulso firme conduziste nossa família por todo o tempo restante,mas nunca me esquecestes,e eu pelo tempo que eu estive a teu lado,jurei te amar ...
E esta promessa sempre trouxe comigo,e por isto eu sei que te amo,e que eu te amarei vida ,por toda a minha,as nossas vidas
Por todas as eras propostas e necessárias,eu sei ,te amarei eternamente...
( Este texto me veio á mente,como num flash,foi saindo ,e muitas outras coisas ainda tenho para dizer-vos,mas não sei quem m'as contou)
Dely Damaceno
15 de fevereiro de 2012./ 3:30 HRS ,HORÁRIO DE BRASÍLIA