O ALTO DO MONTE....

Surge do nada o tudo que leva à altura inebriante do encontro perseguido.

A subida parcial ao monte exaure, mas conforta, ilumina ampliando, satisfaz o interior lapidando arestas na pedra antes bruta, limpa a nódoa armazenada pelo mofo do pensamento, tonteado na fervente indagação sufocada e febril a pedir oxigenação expandida. De onde viemos, para onde vamos? Permanente indagação, instigante busca....

E vai-se do nada ao quase tudo, esfalfado na mágoa da lágrima, arfante no suspiro do cansaço, compensado pelo sabor da conquista, pequena seja.

Foi-se assim o tempo, passou... deixou marcas de construção não edificada, sempre em andamento, contudo, trabalhada, pedra por pedra a construir a subida.

No entorno a visão de muitas sombras projetavam caminhos não caminhados, a procissão da desertificação visível, o séquito das nulidades pujante, uma multidão apagada e cega, muda aos apelos do veio dourado do amor, indiferente às grandes razões onde viceja, brota e cresce a celebração que encanta e pacifica, toda uma gama de gente, esquecida da pouca paz construída, por muitos sofrida, por vezes voluntariosa, temerosa, mas nunca desavisada, suplicante alcance, dimensão arejada, rasgando horizontes de cores incomuns, poente da vida vivida para o prodígio de ser para existir sem forma, incorporeamente, metafisicamente ainda em corpo.

Nessa estrada o bem e o mal se fizeram presentes querendo consumar conquistas e buscar explicações.

O temor ficou na graça pouca que podia ser muita, no sentimento pequeno que precisava ser gigante, embora existindo luz ampliada no encontro, ainda que tirada do desencontro em clausura empobrecida, ainda que já fosse muito, mais do que o merecido, menos do que o pretendido.

Ao longe o pico do monte, divisado, não alcançado, desafiante, impassível a mostrar sua altura inatingível, mítico, sagrado e segregado para a inteligência, mirando sem olhar por estar acima, soberano. Seria subida honra penetrá-lo, chegar em seu topo, podendo, honorabilidade distante, fugidia embora bailando passos de aceno em nossa percepção, virtude das virtudes que se esconde por ser natural, mais simples que a simplicidade, estava ali, próximo, mas distante, generoso o monte por pertencer à natureza como nós pertencemos, sem alardes, nunca como o melhor, abraçado privilegiadamente pelo céu, exclusivamente com sua propriedade chegada das alturas; tinha o dom, era sábio, era o topo do monte.

Para lá se movimentam alguns buscadores, aos tropeços miram suas alturas, o seu próprio interior.

Pouquíssimos chegaram, sabem e souberam dizer que o espaço no topo do monte era exíguo, e que mais um passo levaria a uma grande queda.

Estavam no topo, era pequeno o espaço para abrigar multidões.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 14/02/2012
Código do texto: T3499329
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