RELEMBRANDO

RELEMBRANDO...

Volta e meia, ao ser necessária a execução de determinado trabalho, um conserto caseiro, por exemplo, veem à memória determinadas lembranças de antigos produtos que a modernidade sepultou. Estava eu lendo determinado livro, muito bom por sinal, O Corretor, de John Grisham, eis que, involuntariamente, acabei por descolar a capa do mesmo. Preocupado em querer efetuar a colagem, fiquei na dúvida quanto ao tipo de cola que melhor seria para resolver o assunto, deixando o trabalho o mais perfeito possível.

- Iara, ainda existe goma arábica? Respondeu-me com uma risadinha debochada.

Lembro-me, de menino, para colar os balões e os papagaios, ou pipas, usava a caseira cola feita de farinha de trigo e água.

Nestes dias em que tem estado um tempo úmido, com garoa, chuvisqueiro, e uma temperatura mais baixa, os calçados logo ficam molhados, e nos faz relembrar da velha galocha, uma cobertura de borracha que se ajustava perfeitamente ao sapato, fazendo-o permanecer seco. Não se vê mais. De galocha, hoje, só existe o chato, muito bem definido pelo Ronaldo José da Costa.

De remédios antigos, nem se fala. Quem, quando criança, não tomou a horrível Emulsão de Scott, um óleo extraído do fígado de bacalhau? Para a falta de apetite, o ideal era o Biotônico Fontoura, ao contrário do outro, muito gostoso. Ou o Vinho Reconstituinte Silva Araújo. E as Pílulas de Vida do Dr. Ross, que faziam bem ao fígado de todos nós. As famosas pomadas Minâncora e a Curitibina. Como jogador de futebol, muitas vezes sofria alguma lesão, ou no joelho, ou no tornozelo, ou na canela. Qual o remédio? Sem dúvida, apesar dos médicos não acreditarem, era a água végeto-mineral. Na certa fazia o efeito desejado, pois, no fim de semana seguinte, já estava apto para novamente jogar. Um modo caseiro de espantar as lombrigas: minha mãe fazia um colar de dentes de alho. Tiro e queda, não falhava. Como também, tinha o costume de se amarar um barbante na perna afetada. Tosse, bronquite, rouquidão? Xarope São João. Se em sua casa havia baratas ou mosquitos, o anúncio na rádio dizia não ir lá, mas pedia licença para mandar Detefon em seu lugar. As célebres pomadas Minâncora e Curitibina, nunca deixavam de estar presentes em casa.

Famosos, também, eram a brilhantina Glostora, bem como o “sede lex dura lex” no cabelo só Gumex.

Para encerrar, sem, é claro, esgotar o assunto, lembrei-me entre as bebidas de antigamente, a Cerejinha, a Tubaina, a Grapete, aquela sodinha da Antárctica, do tamanho da caçulinha, se não me engano a Soda Champanhe.

Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 14/02/2012
Reeditado em 14/02/2012
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