Divagações sobre a morte
Sabemos que vamos morrer um dia, mas se todos iremos morrer um dia o que explica esse medo paralisante que temos da morte?
Por mais que tentemos, lutemos, ela ainda nos deixa desarmados, despreparados para sua chegada. É como se ninguém a esperasse, pois quando acontece parece nunca se ter a conhecido antes tamanha nossa indignação perante sua face.
Não entendemos porque crianças morrem, jovens com tanto futuro se perdem, defensores da paz, mães e pais de família e não os redentores das guerras, das drogas, da violência e do terror.
Quem um dia poderá nos dar uma resposta que cesse essa prostração? Seria culpa da injustiça mundana, do mal preparo dos governos, da imprudência da juventude, do mundo sem a benevolência de Deus? Não. Apenas ela chegará, sem aviso prévio, para todos.
Não entendemos a morte! e por que deveríamos? Ela deixa desamparados os que ficam, com tanta coisa para fazer para os que se foram. Documentos soltos na mesa do escritório, a música pela metade, a carta que não deu tempo de enviar ao correio, o amor que não se deu, o segredo que ficou por ser contado, as coisas jogadas num canto do quarto.. enfim, o adeus que não pudemos dar. E tudo fica temporariamente fora do lugar, até compreendermos que nada pode ser mudado. É a ordem supostamente natural das coisas, alterada ás vezes por alguns fatores. Mas se nesse mundo tudo é efêmero, é transitório por quê seríamos nós eternos?
E tudo que sabemos sobre a morte é que ela vai chegar. Por alguma via ela virá! Ou vai nos alcançar já sem forças na velhice ou na contra mão de algum acaso.
Sei que quando ela aparecer no meu caminho, nem eu e nem os que me amam compreenderão sua chegada, nem aceitarão a partida inevitável de todo ser que vive. É causa da vida morrer!
Entretanto prefiro acreditar em algo maior que a morte, em algo que a suplante e a torne apenas mais uma etapa da nossa evolução espiritual: o que esta além de nós e nas mãos de Deus.
*Ao meu querido Avô Manuel que veio a falecer dia 28 de janeiro...