O Circo Lindemberg está armado. Comprem seus ingressos.
O CIRCO LINDEMBERG ESTÁ ARMADO. COMPREM SEUS INGRESSOS
(*) Texto de Aparecido Raimundo de Souza.
Jurei que não falaria nada sobre o caso do Lindemberg Alves dos Santos, aquele coitadinho, aquele pobrezinho que, de repente, do nada, se fez herói, virou “estrela” e, hoje, é conhecido no mundo inteiro. Para quem não lembra, foi ele o assassino, perdão, o homem acusado (eu disse acusado) de ter matado a estudante ELOÁ CRISTINA PIMENTEL, em 2008, no bairro Jardim Santo André, região do ABC.
Jurei que não me meteria nessa farsa, mas, como jornalista, não sei ficar quieto, ou não posso permanecer em silencio. Contudo, dou a minha palavra que serei breve e rápido. Apenas falarei do circo armado. Pois bem. Vamos a ele.
Todo mundo nesse caso quer aparecer. O advogado de defesa mais que o advogado de acusação, o promotor, mais que a juíza. A magistrada, doutora juíza de direito, já prevendo que ficaria no anonimato, se antecipou e decretou o impedimento, ou seja, PROIBIU A IMPRENSA DE ENTRAR NA SALA DE AUDIENCIA E FILMAR.
Em face disto, gostaria de formular algumas perguntas (ou SERIAM QUESITOS???) aos nobres doutores da lei: senhores, o júri popular não é publico? Para a justiça o que é publico? O que é privado? No caso do Lindemberguinho, que nome ou alcunha poderíamos dar a jogada? Seria o valor da grana que corre por trás? A fama do artista a ser julgado? O valor dos honorários dos nobres e zelosos advogados? Deixa-me colocar no fogo. Se eu Aparecido Raimundo de Souza, tivesse comido o figo de uma galinha, e, em seguida, esquartejado seu corpo pela cidade, meu julgamento seria público ou privado? No caso da Eloá, como ficaria essa balela da violência contra a mulher? Ah, desculpe, a Eloá não sofreu violência. Quem sofreu todo tipo conhecido de crueldade, foi o pobrezinho do Lindemberg, que foi pisoteado pelos policiais do GATO. GATO OU GATE? AH... GUTI!!!...
Resumindo, os militares do GUETO que invadiram o cativeiro, em cenas violentas de agressão, com bombas, tiros, mísseis, helicópteros, submarinos, chapinhas de coca cola, pra todo lado, o diabo.
Isso tudo faz parte do circo. Lembrando sempre, do espetáculo. O picadeiro foi armado. A extensa lona está em pé, e, claro, em plena ascensão. Sem comentar o trajeto que o menininho fará entre o CDP de Pinheiros e o Tribunal do Juri de Santo Andre. Vejam, senhores, quantos aviões sobrevoam, com câmeras, e jornalistas dependurados em seus microfones, informando, passo a passo, para as emissoras que representam o circuito que o comboio que levará o infeliz fará pelas ruas e avenidas de São Paulo.
Sem mencionar, lado outro, o transito caótico, com gente engarrafada, cidade parada, estancada, estarrecida, boquiaberta. É o espetáculo armado. Pronto para dar inicio. Vejam, meus amados, a fila para o ingresso das pessoas a cata de uma senha para assistir ao JULGAMENTO DO ANO lá dentro da sala do júri, ao lado do réu, da estrela maior. Todos querem tocá-lo, tirar fotos, pedir autógrafos. E ainda tem um bando de safados, de pilantras, de ignorantes, de energúmenos que chamam isso de JUSTIÇA. Kikikikikikikikikikikikiki...
Neste País, meus caros, se mata por nada e o sistema faz uma festa. Neste país se compram as leis, a justiça, e o sistema não faz nada. O sistema apenas arma um espetáculo, com luzes, câmeras, refletores, holofotes, televisão, e, depois, tira o rabo da tangente. São onze mulheres mortas por dia só em São Paulo. Mas a isto, não se pode rotular de violência. Violência, repito, é o que estão fazendo com a estrela maior, o coitadinho do LINDEMBERG. Cadê os representantes da igreja, os bispos, os arcebispos primazes, os padrecos para lhe trazerem um altarzinho???
Resumindo, meus amigos: no Forum de Santo Andre, neste momento, 10 horas da manhã, estão reunidos os bufões, os palhaços, os engraçadinhos que prometem dar ao público um grande e inesquecível espetáculo. Ou será o contrario? NÓS, QUE ESTAMOS DO LADO DE CÁ, É QUE SOMOS OS PALHAÇOS, OS IDIOTAS, OS BESTAS, OS BABACAS, OS OTÁRIOS?
(*) Aparecido Raimundo de Souza, 58 anos é jornalista.