Pensamento Easy-rider
Se estivermos a pé e alguém pedir para andar dois quilômetros: é muito
Se pedir 500 metros é aceitável, se pedir 100 metros, sem problemas.
Se estivermos de carro e andarmos dois quilômetros: é pouco mesmo que em São Paulo se faça de média 5 km/h o que equivale a uma pessoa andando normalmente.
Se for solicitado andar 20 quilômetros para visitar aquele amigo que sempre pede para ir para a casa dele e você nunca vai porque você diz: é longe, tem que atravessar a cidade.
Mas ao mesmo tempo um cidadão pega um carro e anda 1500 km numa tacada só, São Paulo – Vitória da Conquista, 16 horas sem parar e começa a pensar no mundo:
Não liga o som do carro e vai apenas observando a fluidez do pensamento volátil que balança conforme as curvas e escapa de buracos tentadores de pensamentos profundos.
O pensamento na indetermibilidade tempo-espacial. Os quilômetros sendo engolidos ora aproximando o destino, ora aproximando o ponto de partida. Chega um momento que ele se encontra no limbo da não dominância ou mais especificamente não se encontra em lugar nenhum. É neste estágio quântico que cria-se a viagem do tempo.
O pensamento sem lar. As caronas em segmentos de retas como pontos de um mapa sem estradas. Ele se perde numa aceleração mais acentuada, voa nas arvores de cristais de rocha todas coloridas vendidas a apenas um real. Em queijos pendurados, pessoas que perfilam na nossa existência do saber.
O pensamento em balanço, aberto para contar novas faixas contínuas. Ultrapasse. Não ultrapasse. Agora pode. Será que faremos isso? O movimento em quatro círculos de um pneu de 35 cm de diâmetro, isso significa que um mesmo ponto toca o chão a cada metro. Sendo que a uma velocidade de 120 km/h o carro percorre 1 km a cada 30 segundos, o que nos leva a pensar que aquele ponto é pisoteado 33,33 vezes em cada segundo o que corresponde a mesma marca que gira um disco numa vitrola por minuto. Coincidência?
Quem sabe é apenas o pensamento viajante. O pensamento sem destino. O pensamento easy-rider. Será que chega?