Viver vivendo e não morrendo
No primeiro dia de fevereiro (quarta feira) meu sobrinho Cristian completou dez anos de idade. Celebramos seu crescimento e de suas habilidades, mas por causa de sua doença (quem quiser saber mais visite http://ateudemim.blogspot.com/2010/08/cristian-deus-ducheni-e-cura.html) fomos sufocados pelo frio conhecimento prévio de que cada aniversário nos aproxima mais e mais do dia em que ele será tirado de nós.
Apesar disso a vida do Cris tem sido uma lição. Nunca o vi chorar ou reclamar de sua situação. Na verdade sempre o vejo aproveitando cada oportunidade para rir assistindo Chaves; brincar com seus brinquedos e principalmente, para sonhar. Sonhos mirabolantes da infância que alimentam e dão sentido a sua existência. Quando lhe perguntei o que queria para seu aniversário, ele me respondeu que queria uma festa com churrasco.
Ouvi recentemente uma frase que dizia mais ou menos o seguinte: “tem gente que vive morrendo e gente que morre vivendo”. Essa frase fez-me lembrar de gente que aproveita qualquer oportunidade para fazer da vida um drama. Gente que se arrasta pelas estradas da vida, como se estivessem continuamente feridas gravemente. Muitas delas gozam de boa saúde, de uma condição financeira estável e até mesmo estão rodeadas de pessoas queridas, no entanto, vivem morrendo, fazendo da vida um velório ao invés de uma festa.
Viver por si só é repleto de dilemas e não ajudaremos muito se os intensificarmos, transformando cada situação em uma cena dramática. A tristeza é um vício que muitos de nós temos e nem sabemos que temos. Por isso é preciso tomar cuidado, ela pode fazer com que desperdicemos cada momento de nossa vida lamentando, chorando, se estressando, se deprimindo. Mas pode ser tarde quando cansarmos de viver morrendo e decidirmos realmente viver. Se assim for, poderemos ter à súbita descoberta de que já estamos de fato mortos.
E quando isso acontecer não restará nada além de “ses” e “eu deveria ter...” Nossa única alternativa é não esperar pelo epitáfio e parar de gastar mal nosso tempo, preferindo sempre fazer da vida um filme de drama do que um filme de comédia. Não escolhemos nascer, mas podemos escolher como viver. E já que temos que viver, que seja vivendo.