Valha-me meu pai
Impossível querer nesse país que as coisas funcionem como deviam. O governo seria para dar assistência ao seu povo e trabalhar em prol dele, tola ilusão. O que se vê são verdadeiras manobras políticas para a perpetuação de uma corrupção que nos coloca numa vergonha internacional.
O que deveria nos proteger nos assusta! A terra do carnaval e do axé está pedindo aos deuses e orixás que deem proteção ao povo, pois o carnaval da desordem está instaurado. Valha-me meu Deus, pois sem a sua proteção até os orixás e deuses estão indo embora dos seus terreiros. O medo assola o Estado e não há quebranto que ajude o enlace que há. Estamos ao Deus dará e ele até que tenta ajudar, mas os “home” não dão força e os de cima não olham com bom grado. Nessa queda de braço a violência está vencendo e a corda sempre quebra do lado do mais fraco e esse lado é o do povo. Venha me valer meu Pai, agora venha com cuidado, pois estamos presos em casa enquanto passeia pelas ruas o medo e a covardia.
Do jeito que as coisas estão indo, ou melhor, não indo, vamos pular o carnaval de mansinho e a festa de rua será em cada casa cercada por grades e cercas, ao som da marcha fúnebre.
Foge Iemanjá, que a coisa tá feia, nem nas águas está segura. Os “home” sumiram. Guarde as oferendas que a mão grande ta por aí.
Valha-me meu pai Oxalá , mas antes se proteja! Não distribua a benção, pois os “engravatados” estão querendo seus milagres para resolver tal impasse.
Nem todos os santos, quebrantos, nem mesmo reza, simpatia, nem mesmo Senhor do Bonfim consegue intervir em favor de uma solução. A omissão do governo e a irresponsabilidade de uma corporação transformaram nosso terreiro num campo de batalha. Realmente somos “Marias vai com as outras”, pois nem pra mandar aqueles que colocamos lá em cima pra “tonga da mironga do kabuletê” prestamos. Valha-me meu pai, a benção minha mãe, me proteja Iemanjá, axé.