As duas cidades
Por aqui existe uma cidade dividida em duas cidades distintas... A cidade nova, na parte alta, e a zona da baixa que é antiga e tem dificuldade em acompanhar o progresso. Diria mesmo, que se recusa em acompanhar a irmã, que cresce a um ritmo infernal de grandes construções e comércios que não param de inaugurar...Na parte nova moram aqueles que podem usufruir de um espaço mais acolhedor e planejado. A metade antiga integra o comércio tradicional, sujeito ao espaço diminuto ainda traçado pelas construções de outrora e que foram ficando...até hoje. É claro que quem mora, está acostumado a conviver com essas diferenças e considera a sua cidade como uma coisa só. Quem chega de fora, sente um certo desconforto e estranheza com a falta de uniformidade, tendo a nítida sensação de estar morando em duas cidades ao mesmo tempo. O que fazer?!... Escolher a mais nova e esquecer que existe a mais velha?...Mas como, se por exemplo para ir ao Banco é inevitável atravessar parte da zona velha e respirar um ar mais pesado, saturado por dezenas de pessoas que se cruzam num frenesim imenso... em busca de oportunidades. Sim, a vida não é fácil para todos...Só uma minoria se pode dar ao luxo de levar uma vida digna e saudável. Traçar uma fronteira entre esses mundos, mesmo no domínio do imaginário, seria uma tremenda injustiça para com a nossa cidade. Afinal, ela está integrada numa realidade para lá dos seus limites ...Numa sociedade de ricos usos e costumes, mas muito pobre de recursos, verbas...e com uma política complicada. Não seria então melhor, julgá-la e aceitá-la como "a nossa cidade" e tentar melhorá-la??!...