A EPIDEMIA DO NOVO MILÊNIO É TECNOLÓGICA E SOBRE DUAS RODAS

A epidemia tecnológica do novo milênio é o transito. O subproduto é o caminhão que se multiplicou como coelho por causa da ganância dos senhores do Petróleo que extinguiram as ferrovias. (É claro que estamos falando do Brasil).

E a matéria prima principal da arrogância dos legisladores de transito é a moto, (inconscientemente, claro) salvo engano meu, produzida em maior numero pelos Japoneses, responsáveis diretos pela extinção do transporte coletivo no Brasil, embora se saiba que eles têm os mais modernos trens “balas” do mundo.

Sendo assim, a culpa do Governo Brasileiro estar gastando 30 bilhões de Reais para socorrer vítimas de transito, é dos Texanos e dos Marajás do Oriente Médio via OPEB e dos Samurais que não perdem a mania de miniaturizar tudo.

Alguém bolou um carro para quatro ou cinco pessoas, seguro de quatro rodas, resistente, estável, confortável, portanto um transporte coletivo familiar adequado, e eles colocaram um motor numa bicicleta e fizeram-na voar. Elas cortam o vento como espada e costuram espaços pequenos desafiando a sorte e a morte. Ela dá agilidade aos criminosos, ao mesmo tempo em que virou ferramenta de trabalho de milhões de Brasileiros em busca da sobrevivência.

Um mal necessário irreversível. São as asas da liberdade para as portas do inferno que se abriram aqui na terra, como uma filial. Ela é a responsável pela ditadura dos generais que ditam as novas regras do transito. Seus usuários são ao mesmo tempo o bem e o mal na garoupa do vento, costurando e desenhando o futuro incerto.

E foi assim que a Presidência da Republica num ato solene, curto e grosso, decidiu da noite pro dia, nesse final da semana passada, que é proibido tomar um choppinho, um happy hour com a família ou com os amigos numa pizzaria, ou simplesmente ir à casa de um amigo pra festejar seu aniversário. As grandes cidades, principalmente as capitais, se tornarão um deserto enorme. Não existem mais exceções, se você sair na porta da sua casa e um policial qualquer cismar de colocar um bafômetro em você, desde que flagrado dirigindo um veiculo, você pode perder a sua carteira por um ano e ainda ser multado em quase R$1.000,00.

A irresponsabilidade de uma minoria (nem tão minoria assim) determina em outras palavras que é proibido fabricar e vender cervejas, vinhos, e a própria “marvada” está com os dias contados, para aumentar a oferta de etanol que teoricamente segundo as Leis de mercado, com certeza poderá chegar mais barato nos postos de combustíveis. É a Lei seca, em vigor, uma medida ditatorial em tempos de democracia, em nome da saúde plena da população e para proteger irresponsáveis que misturam bebida alcoólica com drogas ilícitas. As estatísticas perversas da indústria da morte mostram a coerência da atitude do governo que sem dinheiro para aprovar uma nova CPMF, toma atitude drásticas para conter gastos, conforme recomendam os políticos de oposição. Eles poderão com certeza continuar degustando seus saborosos vinhos e “scotchs”, pois nós continuaremos pagando provavelmente com as multas dos bafômetros, seus motoristas particulares e suas mordomias, para que nos imponham goela abaixo, leis impossíveis de se cumprir e de se controlar. O lobby dos traficantes de drogas funcionou e corrompeu os legisladores que sequer tocaram no assunto. Não se fala claramente em controlar carga horária de trabalho de motorista de caminhão e tampouco se falou arranjar algum instrumento que possa verificar se o motorista de caminhão não estaria chumbado pra não dormir.

Ironia de um destino esquisito: A bebida que era consumida socialmente, por prazer se transformou no grande vilão do transito caótico das grandes cidades invadido por caminhões e as fantásticas máquinas voadoras do novo milênio. Aqui em Goiânia a frota delas é superior a toda frota do Estado do Rio de Janeiro, segundo o Prof. Flamarion Ferreira, que ministrou o curso de reciclagem de motoristas, em cuja sala de aula me fiz presente. Fora os excessos do regulamento que impõem uma carga enorme de obviedades, aprende-se muito e chega-se a conclusão que realmente vale a pena essa “volta às aulas”.

Tive a agonia, da qual jamais me esquecerei, de ouvir por duas horas informações diversas sobre os mais variados tipos de categorias de carteiras de motorista, que para mim, ou para todos nós que somos eternos portadores da “B” , qualquer utilidade terão, além do fato incontestável de que apesar de existirem na sala de aula composta de 60 alunos, apenas três motoristas de moto, o assunto que predominou realmente foi sobre duas rodas, onde os nossos jovens desempregados carregam por conta própria e risco, todo tipo de mercadoria, desde pizza até boticões de gás, como também pneus velhos e pasmem até vidros para box de banheiro e o mais inacreditável ainda, se transformaram em motos-táxi., com a permissão do Estado amplamente democrático. Estamos vivendo a era do “tudo pode” e depois chegam os remendos improvisados, sem pé nem cabeça.

Continuo, portanto, achando que houve exageros na Lei. Continuo achando que a regra anterior deveria permanecer e os rigores da nova Lei se aplicar somente àqueles que transitam e/ou cruzam rodovias. Quanto às motos, as regras têm que ser especificas e eu chegaria ao ponto de opinar que a sua proliferação (ou produção, como queiram) tem que ser controlada, assim como o transito de carrocinhas que carregam papelão e bicicletas que alguns locais ou horários, deveriam ter rigorosamente proibida sua presença. Se existe uma ditadura onde a emoção do pessoal do corpo de bombeiros (que lida diretamente com a morte truculenta) fala mais alto, que seja pelo menos justa, lógica, coerente e porque não, mais especifica em alguns casos, sem generalizai.

Por exemplo, se é proibido atender celular dentro de um veiculo, que seja também proibido fumar, trocar CD e até mesmo carregar namoradas grudadas, praticamente fazendo sexo lá dentro, com o carro em movimento. Se existe um local onde o transito tem muito movimento e órgão controlador opta por uma placa de estacionamento e parada proibida, que se coloque ali e em outros locais, filmadoras e o sujeito é multado automaticamente, como pode ser em vários outros tipos de infração, como parar em fila dupla, esquinas, etc.

Finalizando, gostei do curso que fiz sobre direção defensiva e primeiros socorros. No primeiro caso, sempre fui auto suficiente, no segundo caso foi muito importante reforçar/lembrar conhecimentos básicos.

Mas continuo na firme convicção de que condicionar a revalidação da carteira ao cumprimento desse quesito, é ferir direitos adquiridos e por isso vou repetir aqui o que o Professor Flamarion contou na sala de aula que um motorista do interior foi pego numa dessas "blitzes" quando vinha pra Goiânia e o guarda espantado lhe teria dito rindo: “O Senhor está com a carteira vencida há 28 anos”.

E ele, na maior humildade e simplicidade lhe respondeu: “Uai, sô, e eu nem sabia que carteira vencia”.

Luiz Bento Pereira (66)

Cidadão Pontenovense

Representante comercial no ramo têxtil em Goiânia

Luiz Bento (Mostradanus)
Enviado por Luiz Bento (Mostradanus) em 12/02/2012
Reeditado em 17/02/2012
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