Nunca mais aos domingos
Praticamente só tem duas coisas da China que eu gosto: umas xicrinhas de porcelana antigas, lindas, que herdei da minha avó e a comida chinesa. Quer dizer, certos pratos da cozinha chinesa e à moda brasileira, porque em outros lugares não é servida exatamente como a conhecemos. Espetinhos de cachorro, gafanhotos torradinhos, insetos grelhados e outros quitutes não me interessam. Assim como não gosto de dobradinha, sarapatel ou buchada de bode. Prefiro feijoada, moquecas de camarão, tutu à mineira. Ou simplesmente arroz, feijão, bife e farofa acompanhados de abobrinha ralada ou chuchu abafadinho. Pode ser também com creme de espinafre ou couve-flor ao molho branco. Ou então brócolis cozido no bafo salpicado de fondor. Se tiver escondidinho de carne seca, dispenso todo o resto. Um bom suflê de legumes vai bem com filé ao ponto, quiçá mal passado...
Estou pensando em tudo isso porque ontem estive num restaurante chinês e daqui a pouco vou para a cozinha preparar o almoço, que hoje será “requenté au feu doux”. Traduzindo: requentado nada requintado de sobras ao fogo brando. Que nem de longe lembra os agora desaparecidos almoços dominicais na casa da Mamma. Depois que dona Laura se foi, nunca mais.