Crônica de uma paixão anunciada
Agora estou vestindo aquela camisola que você tanto gosta. Amanhã eu quero despertar com o ruído da sua chave destravando a porta. Com o calor do teu corpo se intensificando a cada passo. Eu vou permanecer de olhos fechados. Eu vou fazer um movimento qualquer, manhoso, na cama. E esperar. Esperar o seu primeiro beijo. Onde será? sobre os meus cabelos, sobre os meus lábios, sobre os meus ombros? É o que move minha lira esta noite. É o que me dá a chance de sonhar esta noite. Tem ainda o seu primeiro toque. Afastando o lençol, descortinando a camisola. Suas mãos deslizando...exaustas, sem rumo, em qualquer lugar de mim. Como se só precisassem sentir a textura daquele tecido, como se só precisassem saber que, sob ele, está a minha pele, que entranhado nele está o meu cheiro, e que envolvido por ele está o meu corpo. Seu. E eu ainda estarei de olhos fechados.