A dama dos salões        
 
                Não sei dançar, mas sou apaixonado por dança: shows, musicais, filmes, balé moderno, dança de salão, dança de rua, enfim – dança. Há poucos dias indo a Livraria Cultura vi um livro intitulado: “Enquanto houver Dança. Biografia de Maria Antonietta Guaycurús de Souza, a grande dama dos salões” Autora: Teresa Drummond. Editora Bom Texto. Editora, que foi também a de um escritor amigo. A capa é o projeto gráfico de Victória Rabello, sobre “A gafieira”, de Túlio Cordeiro. Nunca tinha ouvido falar em nenhuma dessas quatro, criaturas.

               Peguei o livro já curioso por causa dos  tt de Antonieta, o y de Guaicurús, e o qualificativo de “grande dama dos salões”. E eis que lendo a orelha do livro, descubro que a “grande dama” é amazonense. Comprei-o. Li-o. Me pareceu meio confuso, para uma escritora que se diz jornalista. Essa estirpe de escritores/jornalistas ou jornalistas/escritores de discurso muito objetivo. Como eu gosto. Mas, tudo bem. Não vou aqui analisar estilos. Não tenho competência para tal.

               Antonietta, nasceu em Manaus, em 1923, tinha na época da publicação do livro (2004) 81 anos. Ainda dançará? É uma vida muito rica de descidas e subidas. Me lembrou a Dercy, que acabou de merecer uma mini série da Globo. Deu aulas de dança a grupos e a particulares. Coreografou e dançou em cenas de novelas. Só na televisão teve seu nome ligado as novelas: “Nina”, “Pai herói”, “De quina pra a lua”; cinema; “Opera do Malandro”, “Eternamente Pagu”, “Romance da empregada”... Mereceu música de Maurício Tapajós e Aldir Blanc – “Antonieta na gafieira” e poema de Olga Savary. “Pedido a Antonietta”. Foi premiada, homenageada e condecorada.

               Um dos programas de televisão que acompanho sempre é Dança dos Famosos, do Faustão. Creio que ele despertou em muita gente o prazer e o exercício da dança. Dois nomes que sempre aparecem nesse programa como juízes estiveram (ou ainda estão) ligados a Antonietta: Jaime Aroxa e Carlinhos de Jesus. Aproveito a oportunidade para demonstrar a minha antipatia por Carlinho de Jesus, como juiz. Arrogante e sempre posando de dono da verdade. Às vezes até deselegante com outros juízes.

               E agora a pergunta: onde eu estava que não tomei conhecimento da existência dessa mulher? Já pela pelo oficio da dança, já pela naturalidade, amazonense. O que eu perdi meninos! Quantas vezes a gente está tão perto do que gosta, e não vê; pensando-se tão “ligado” e, na verdade, tão desligado. Mané!

 
Alberto Soeiro
Enviado por Alberto Soeiro em 11/02/2012
Reeditado em 11/02/2012
Código do texto: T3493624