RECIPROCIDADE
A “política da boa vizinhança” é tradicionalmente adotada por nossos governantes no âmbito das relações internacionais. Talvez disso se tenha formado no perfil da Nação o traço característico da gente pacífica e acolhedora. A “Pátria amada” é também, para todos que aqui chegam, a casa da mãe. A “mãe gentil”, que no “berço esplêndido” acolhe, além dos próprios filhos, os adotivos com igual carinho. Quem do velho mundo se debanda, encontra aqui a Canaã promissora, exuberantemente bela, repleta de oportunidades, compartimentos e terras disponíveis, sem grandes empecilhos às suas ambições. A confiança nessa aventura atenua qualquer sentimento nativista do imigrante. Ele sabe que essa mãe gentil, abençoada por Deus, cumpre a promessa do Filho: “Não se perturbe o vosso coração, credes em mim. Na casa do meu Pai há muitas moradas e eu vou preparar-vos um lugar”.
Então, aqui chegam os gringos à casa da mãe, que os recebe de braços abertos. E é tão evidente este júbilo que, mesmo causando estranheza aos nativos, lhes põem anéis nos dedos e sandálias aos pés, como se fora a filhos pródigos.
A situação é inversa, diametralmente oposta para os brasileiros que pisam terra estranha. Ao constrangimento, à discriminação e todas as exigências que possam nos barrar a entrada em seus territórios, somos submetidos. Impõe-nos até o idioma próprio do país. “Fale francês; você está na frança”, é o que dizem nas lojas em Paris. O mesmo se dá na Itália, em toda a Europa a começar da porteira, que é a Espanha. Só quando ela é ultrapassada, respira-se o ar do primeiro mundo.
Brasileiro se baba quando vê um gringo. Encara com naturalidade a pouca importância que eles dão à nossa língua e acha até charmoso eles tropeçarem nas palavras, errarem a pronúncia, concordância e gênero. Brasileiro acha "o máximo" trabalhar numa multinacional e receber aqui, na própria casa, ordens em sotaque americano. Os músicos da Orquestra Sinfônica de Brasília viveram momentos de terrorismo com a maestrina Helena Errera, cubana importada pelo então governador Cristóvam. Essa mulher gritava com os músicos e os expulçava do ensaio na vista de todos. Humilhados, saíam sem que nenhum colega tomasse defesa.
Por outro lado, brasileiro com bom currículo sai daqui para lavar pratos, colher laranja, cuidar de velhinhos, ser babá, e todas as atividades que até entre nós consideram “menores” e que só aos latinos os europeus e americanos admitem fazer.
Tenho um amigo que trabalha na Eletronorte, em São Luís-MA. Ele me conta o seguinte episódio: um dos chefões, americano, tratando com desdém um operário brasileiro, humilhou-o na frente de toda a equipe e, não satisfeito, apontou para a Bandeira Brasileira ironizando a frase “Ordem e Progresso”. Num impulso, o operário saltou sobre o gringo, derrubando-lhe com um belo soco e, quase o estrangulando, dizia: “Repete o que disse, gringo desgraçado. Vou te matar agora!”. O americano, responsável pela obra, quase se obrou todo.
Poderia prolongar-me muito mais neste texto, aludindo a fatos que ocorrem entre brasileiros, cá e lá, onde quer que se deparem. Mas bastam os espanhóis como exemplo de que todos sabemos. O governo brasileiro finalmente resolveu tomar providências e, conforme noticiou o Bom dia Brasil de ontem, dia 10:
“A partir do dia 2 de abril, o governo brasileiro vai passar a exigir dos espanhóis que vierem para cá, nos visitar, as mesmas condições cobradas dos brasileiros na chegada à Espanha”. A página do consulado brasileiro na Embaixada do Brasil em Madri informa o que os turistas vão ter de apresentar na chegada ao Brasil."
"A partir de 2 de abril, os turistas terão de apresentar passaporte com validade de seis meses; passagem aérea com data de volta marcada; provar que tem dinheiro suficiente para a permanência, estabelecida em, no mínimo, R$ 170; apresentar comprovante de reserva de hotel e estadia paga. Se a estadia for na casa de alguém, vai ser necessário mostrar uma carta-convite que informe quantos dias o hóspede ficará."
" Em 2010, as autoridades espanholas recusaram a entrada no país de 1.695 brasileiros. Em 2009, 1.714 brasileiros foram barrados”.
Tomem espanhóis! É a reciprocidade.
A “política da boa vizinhança” é tradicionalmente adotada por nossos governantes no âmbito das relações internacionais. Talvez disso se tenha formado no perfil da Nação o traço característico da gente pacífica e acolhedora. A “Pátria amada” é também, para todos que aqui chegam, a casa da mãe. A “mãe gentil”, que no “berço esplêndido” acolhe, além dos próprios filhos, os adotivos com igual carinho. Quem do velho mundo se debanda, encontra aqui a Canaã promissora, exuberantemente bela, repleta de oportunidades, compartimentos e terras disponíveis, sem grandes empecilhos às suas ambições. A confiança nessa aventura atenua qualquer sentimento nativista do imigrante. Ele sabe que essa mãe gentil, abençoada por Deus, cumpre a promessa do Filho: “Não se perturbe o vosso coração, credes em mim. Na casa do meu Pai há muitas moradas e eu vou preparar-vos um lugar”.
Então, aqui chegam os gringos à casa da mãe, que os recebe de braços abertos. E é tão evidente este júbilo que, mesmo causando estranheza aos nativos, lhes põem anéis nos dedos e sandálias aos pés, como se fora a filhos pródigos.
A situação é inversa, diametralmente oposta para os brasileiros que pisam terra estranha. Ao constrangimento, à discriminação e todas as exigências que possam nos barrar a entrada em seus territórios, somos submetidos. Impõe-nos até o idioma próprio do país. “Fale francês; você está na frança”, é o que dizem nas lojas em Paris. O mesmo se dá na Itália, em toda a Europa a começar da porteira, que é a Espanha. Só quando ela é ultrapassada, respira-se o ar do primeiro mundo.
Brasileiro se baba quando vê um gringo. Encara com naturalidade a pouca importância que eles dão à nossa língua e acha até charmoso eles tropeçarem nas palavras, errarem a pronúncia, concordância e gênero. Brasileiro acha "o máximo" trabalhar numa multinacional e receber aqui, na própria casa, ordens em sotaque americano. Os músicos da Orquestra Sinfônica de Brasília viveram momentos de terrorismo com a maestrina Helena Errera, cubana importada pelo então governador Cristóvam. Essa mulher gritava com os músicos e os expulçava do ensaio na vista de todos. Humilhados, saíam sem que nenhum colega tomasse defesa.
Por outro lado, brasileiro com bom currículo sai daqui para lavar pratos, colher laranja, cuidar de velhinhos, ser babá, e todas as atividades que até entre nós consideram “menores” e que só aos latinos os europeus e americanos admitem fazer.
Tenho um amigo que trabalha na Eletronorte, em São Luís-MA. Ele me conta o seguinte episódio: um dos chefões, americano, tratando com desdém um operário brasileiro, humilhou-o na frente de toda a equipe e, não satisfeito, apontou para a Bandeira Brasileira ironizando a frase “Ordem e Progresso”. Num impulso, o operário saltou sobre o gringo, derrubando-lhe com um belo soco e, quase o estrangulando, dizia: “Repete o que disse, gringo desgraçado. Vou te matar agora!”. O americano, responsável pela obra, quase se obrou todo.
Poderia prolongar-me muito mais neste texto, aludindo a fatos que ocorrem entre brasileiros, cá e lá, onde quer que se deparem. Mas bastam os espanhóis como exemplo de que todos sabemos. O governo brasileiro finalmente resolveu tomar providências e, conforme noticiou o Bom dia Brasil de ontem, dia 10:
“A partir do dia 2 de abril, o governo brasileiro vai passar a exigir dos espanhóis que vierem para cá, nos visitar, as mesmas condições cobradas dos brasileiros na chegada à Espanha”. A página do consulado brasileiro na Embaixada do Brasil em Madri informa o que os turistas vão ter de apresentar na chegada ao Brasil."
"A partir de 2 de abril, os turistas terão de apresentar passaporte com validade de seis meses; passagem aérea com data de volta marcada; provar que tem dinheiro suficiente para a permanência, estabelecida em, no mínimo, R$ 170; apresentar comprovante de reserva de hotel e estadia paga. Se a estadia for na casa de alguém, vai ser necessário mostrar uma carta-convite que informe quantos dias o hóspede ficará."
" Em 2010, as autoridades espanholas recusaram a entrada no país de 1.695 brasileiros. Em 2009, 1.714 brasileiros foram barrados”.
Tomem espanhóis! É a reciprocidade.