AINDA BEM QUE AQUI NÃO TENHO UM CÃO
Da Janela vejo ela, que passeia com seu cão, nada de especial teria essa visão, já que por aqui, quase todos tem um cachorro e precisam com ele descer para passear.
Mas, chove uma neve intensa, os flocos brancos como algodão caem sobre tudo e sobre todos, que descuidados estão pelas ruas.
Ela, no entanto segue passeando sem pressa, chuta um brinquedo com o pé, para que o cão vá pegá-lo. E assim caminha pelo gramado as margens do rio.
Devidamente vestida com uma capa grossa, que lhe cobre a cabeça, e o cachorro de capa impermeável, também protegido está.
Uma cena que mostra o quanto o ser humano se dá ao animal de estimação. Retribui com generosidade e dedicação, o carinho e fidelidade que recebe dele.
Claro que há excessões, mas nesse momento aprecio o elo da amizade e amor que reúne os dois reinos: Hominal e animal.
Essa madrugada sem sono assistia televisão, um programa em que pessoas buscam casas em outros países pois, foram transferidas a trabalho, ou simplesmente porque querem mudar.
Um programa que prende a atenção. Cada hora filma em um país diferente, mostrando os costumes, e as belezas da região.
Quando olhei, o relógio marcava duas horas da manhã, pensei: tenho que dormir, mas o sono não achava igual.
Levantei do sofá, e fui até a grande janela, olhei Manhattan, que do outro lado do rio, estava quieta, somente as luzes a lembrar que ela estava inteira lá.
Voltei meus olhos para a rua, do apartamento e vejo um casal, devidamente agasalhado, já que faz muito frio, passeando calmamente com seu cão.
Meus pensamentos não puderam deixar de divagar, o quanto isso é impossível de se fazer em minha cidade, São Paulo. Por lá, a violência, insegurança assusta, mesmo com a luz do sol, quando mais com as sombras da madrugada.
A não ser que se more em um condomínio fechado, sair as ruas altas horas da noite, é perigo na certa.
Agora, enquanto escrevo, a vista da ilha de Manhattan sumiu, a neve cai aos montes, e empana a visão.
A meteorologia acertou em cheio, me previni e fui ao mercado ontem a noite. Hoje, estou aqui, sentada na poltrona ao lado da janela, apreciando as lágrimas branquinhas cairem do céu.
Ainda bem que por aqui, não tenho cachorro pra levar à passear.
(Foto da Autora)