AMIZADES E SEUS FINAIS
O que leva ao fim de uma amizade? Nunca entendi muito bem como amigos desaparecem. Mágica? Chá de sumiço? Atenção: falo de melhores amigos, não daquele cara que você conheceu no bar, falou sobre Dostoievski, Kant, futebol, mulher e até chegou a discutir qual cerveja era a melhor. Também não falo daquela sua colega de trabalho do escritório, que saía com você toda sexta-feira pra tomar um refri e comer batata no shopping. Falo daqueles que te prometeram, mesmo que mutuamente, às vezes as palavras são desnecessárias, companheirismo, compreensão, apoio, companhia... E que agora aparecem só no facebook e olhe lá.
É bem esquisito alguém íntimo parecer um desconhecido. E dói muito, porque é uma coisa inesperada. Claro que ao final de cada ciclo é natural que cada um siga seu caminho. Mas eu quero abraçar todos e levá-los comigo. O único problema é que muitas vezes os amigos não querem ser abraçados.
A sensação é incômoda e aos poucos atinge seu máximo. É aquele momento em que os dedos procuram o nome da pessoa na agenda do celular. O efeito passa, seguido da seguinte pergunta: se ele (a) não me procura, por que eu deveria?
Um aniversário sem a mensagem de parabéns, nada de desejos para o ano novo, a sensação de que foi esquecida. Aos poucos a gente parar de se importar tanto com a pessoa. E acaba se esquecendo um pouco dela também, apesar das lembranças permanecerem.
Já não dói tanto, mas a gente sempre vai imaginar quantos outros momentos viveríamos e se aquilo um dia pode voltar a ser a melhor amizade do mundo.