Comida: Um problema para os ricos

Recentemente, a Primeira –dama Mundial Michelle Obama, promoveu uma tour de três dias em escolas dos EUA para dar uma forcinha na reeleição do marido e divulgar a campanha “Let’s Move” contra a obesidade. Preocupados com a quase metade da população acima do peso ideal, fez-se necessário lembrá-la de que é preciso “aprender” a se alimentar e fazer exercícios físicos.

Atingimos um patamar absurdo da evolução de que é preciso consultar um profissional que nos ensine a comer. A sociedade atual complica até com as refeições. Uma maior diversidade de trabalho intelectual, o frenético ritmo de trabalho da exigente sociedade capitalista e comércio descontrolado de marcas alimentícias, são os maiores contribuintes deste mal. Até a arquitetura tem responsabilidade nisso, com a sua verticalização – substituição de casas térreas por prédios de vários andares – não temos nem mais uma graminha pra cortar, um espaçozinho em casa para atividades físicas; não há nem como plantar um tomatinho sem agrotóxico. Nesta vida moderna, transformamo-nos em seres cerebrais desmembrados.

Acostumados com as facilidades tecnológicas que os eximem de esforços físicos e com uma alimentação a base de “fast food”, as classes acima da pobreza estadunidense engordaram a ponto de se tornar o problema de saúde nacional de prioridade. Quem sabe quando livrarem-se dos gordinhos, possam se preocupar em inventar um sistema público de saúde, assim como existente em países de terceiro mundo? Isso ficará para um outro momento, isto beneficiaria uma grande parte de imigrantes é não é interesse deste governo. Bem, inspirar-se em nações pobres é contra a regra geral, o correto é o inverso, e isso funciona sempre. Assim como os EUA, o Brasil está ficando cada vez mais gordo, e isso não é problema das classes abastadas, e sim da classe pobre, a força de trabalho braçal que talvez não precise se preocupar com atividades físicas, mas a sua alimentação por ser mais barata compromete significantemente a saúde. Uma alimentação saudável é cara, é cara porque o saudável e magro é moda, é luxo; ao pobre resta uma alimentação a base de sódio, muito carboidrato e agrotóxico. Pensando no bem dos ricos, o mercado inventou alimentos orgânicos, livres de conservantes ou agrotóxicos, mas há um preço alto a se pagar por eles, preço alto em moeda corrente. Esses dias vi no mercado legumes “orgânicos”- parece piada mas não é.

É constrangedor saber que no mundo ainda se passa fome e que os países desenvolvidos continuam a se preocupar apenas com o seu umbigo – agora se ele não está muito fundo. Alguns séculos atrás quem poderia imaginar que comida barata e em excesso poderia ser problema? É verdade que transformamo-nos em seres cerebrais desmembrados, desta forma, vou procurar um livro para ler e desenvolver meu intelecto, já que estou sem tempo para exercícios físicos e, conforme o raciocínio, não tornar-me um inútil para esta sociedade.

Petrico
Enviado por Petrico em 11/02/2012
Código do texto: T3492277
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