CRUZEIROS

CRUZEIROS

A tragédia do Costa Concordia, me fez relembrar!

"Và a bordo, caccio!"

É impressionante, nos dias de hoje, o número de pessoas que aderiram e viajam de navio. Está na moda. Na temporada de verão, dezenas de embarcações de alto porte, navegam pelas costas do Brasil, levando milhares de passageiros.

Não há dúvida de que isso tudo tem com fato gerador, a melhoria do poder aquisitivo do povo brasileiro. Havendo grande demanda, os preços tendem a cair, e a população aproveita para gozar alguns dias de puro lazer, a bordo de verdadeiros transatlânticos. Com tudo o que tem de direito, piscinas, várias refeições diárias, shows, bailes e cassino. Acrescente-se, também, que tais viagens podem ser pagas em suaves prestações, cabendo no bolso de grande parte da população.

Por volta de 1967, fazendo parte da Procuradoria da Prefeitura de São Bernardo do Campo, um grupo de colegas resolveu participar de uma dessas viagens. Naquela época, havia um passeio feito pela empresa Loyde Brasileiro, que saía de Santos na sexta-feira, à tarde, chegando ao Rio de Janeiro no sábado pela manhã. Na volta, saía do Rio à noitinha de domingo, chegando em Santos, ao amanhecer. O navio era o Ana Neri. Bem simples, um tanto quanto decadente. O navio permanecia ancorado, servindo como hotel.

Nessas ocasiões, dificilmente deixa-se de ficar nos bate-papos, na mesa de um bar, jogando conversa fora. Assim aconteceu. Permanecemos até altas horas bebericando e comendo petiscos, até que, já com a madrugada em pleno andamento, resolvemos seguir para os camarins. Contudo, eu resolvi permanecer mais alguns instantes, para respirar o ar puro marinho, como meio de minorar o teor alcoólico que mantinha, no momento. Se tivesse bafômetro !!! Foi quando me dirigi à amurada do navio, para apreciar a noite, em alto mar.

De pronto, fui invadido por intensa melancolia. A solidão, diante daquele enorme volume de água, sem ondas, no breu da madrugada, deixou-me num estado de torpor e de insignificância, perante toda aquela imensidão. Confesso que tive medo.

E calou fundo em meu espírito, pois, até hoje, mesmo na praia, olhando para o mar, para a linha do horizonte, sinto as mesmas sensações daquela madrugada.

Diante disso, não tenho a mínima vontade em fazer esse tipo de passeio. Não ficaria inteiramente à vontade!

Prefiro um bom hotel!

Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 10/02/2012
Reeditado em 10/02/2012
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