Tempos modernos

Tenho 58 anos, completados ontem.

Sou habitante dos tempos modernos, onde tudo é mais fácil, rápido e prático. Hoje se compra nos e-commerce, ninguém vê ninguém. Onde os processos são automatizados. Onde a alta performance produtiva é fundamental. Quem não produz altíssimos resultados correm o risco de serem excluídos.

Considero que sou um moço da antiga, tenho até nome: "Baby Bommers", mas não aprendi ainda como abrir mão da boa e presente comunicação tete-a-tete. Sou do tempo que em olhar nos olhos é importante, manter vínculo com o vendedor “tal” é sinal de amizade e confiança. Sinto falta disso, mas sei que não mais será como antes. No máximo a garçonete da padaria pode ser a mesma pessoa. Mas já não tem tempo para comentar sobre o frio, sol, calor, chuva. É um atendimento automático e o pedido se transforma em comanda. “Passe no caixa”.

Fico refletindo: Quem ditou essas regras, descartando o relacionamento humano, a convivência, a camaradagem, a amizade? Respondo: O capitalismo. O dinheiro. Os bancos. As grandes indústrias. Hoje existimos para e em função do capital. Como pudemos ser cegos a ponto de nos entregar ao fascínio maldoso do “capitalismo selvagem” alarmado por uma banda de rock? Como pudemos abrir mão das tardes de preguiça? De um sábado preparando pra ir numa festa? Como abrimos mão de convidar os filhos para um pick-nik?

Poxa, como somos influenciáveis! Como é fácil apagar a nossa personalidade e assumir uma logomarca comercial! Como é fácil ficar em casa e pedir a pizza, existe o delivery!

E viva os tempos modernos!

Faria Costa
Enviado por Faria Costa em 10/02/2012
Reeditado em 23/09/2013
Código do texto: T3491543
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